Durante um culto transmitido ao vivo pela Igreja Vida Nova em Bastos, interior de São Paulo, o pastor evangélico Sérgio Fernandes gerou controvérsia ao criticar veementemente uma escultura de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. A estátua, instalada na entrada da cidade, segundo ele, “não representa o município” e foi motivo de seu descontentamento, principalmente devido ao uso do dinheiro público para sua instalação.
Em meio à sua fala, Fernandes aludiu à fama de Bastos como “Capital do Ovo” e mencionou a significativa influência cultural japonesa na região, sugerindo que estes elementos seriam mais representativos para a cidade do que a imagem da santa. A indignação do pastor não parou por aí. Ele foi ainda mais longe ao referir-se à imagem de Nossa Senhora Aparecida como “satanás fantasiado de azul”, alegando que ela traria “maldição” para Bastos.
“Põe ovo, põe galinha, põe o que quiser, mas não vem por o Satanás fantasiado de azul na entrada da cidade. Só traz maldição para a nossa cidade. Aquilo lá é ponto de contato com o inferno, é porta aberta. […] Todo espírito de idolatria não vai ficar aqui”, disse o pastor.
Em resposta à polêmica, a Prefeitura de Bastos emitiu uma nota. No comunicado, enfatizou que, na busca por criar um ambiente harmônico entre católicos e evangélicos, decidiu instalar não apenas a estátua de Nossa Senhora Aparecida, mas também uma representando a Bíblia para a comunidade evangélica. A iniciativa, segundo a prefeitura, visa transformar o local em um ponto de encontro e celebração para ambas as religiões. O comunicado finaliza repudiando “todo e qualquer tipo de intolerância religiosa”.
Após a grande repercussão e críticas ao seu discurso, o pastor Sérgio Fernandes tomou uma atitude conciliatória. Em uma carta de retratação, ele reconheceu que exagerou em suas palavras e pediu desculpas à comunidade católica e a todos que se sentiram ofendidos por suas declarações. Fernandes ainda reiterou que a Igreja Vida Nova nunca esteve associada a atos de intolerância religiosa.
“Venho por meio desta nota reconhecer que me excedi nos termos e argumentos usados, sendo ofensivo, ferindo a sensibilidade e a fé sincera de muitas pessoas”, diz parte da carta. “Por reconhecer e me arrepender disso, venho publicamente me retratar e pedir perdão à comunidade católica e a todos os que se ofenderam com minha argumentação”.