Em uma iniciativa histórica, o papa Francisco está desafiando alguns dos tabus mais arraigados da Igreja Católica. O pontífice convocou o Sínodo dos Bispos em Roma com a intenção de debater questões controversas, como o sacerdócio de homens casados, a bênção matrimonial a casais homoafetivos e o direito das mulheres ao sacerdócio.
Uma marca notável deste Sínodo é a inclusão de 54 mulheres com direito a voto, um feito inédito na história da Igreja. Do total de 464 participantes, uma ampla maioria, 75%, são bispos e cardeais.
Apesar de Francisco possuir um poder absoluto, semelhante ao de um monarca, sua decisão de convocar o Sínodo reflete seu desejo de consultar as bases e promover uma Igreja com um caráter mais democrático. Esta abordagem colaborativa contrasta com a postura mais centralizadora de seus antecessores.
No entanto, o caminho não está livre de obstáculos. Cardeais nomeados por papas conservadores, como João Paulo 2 e Bento 16, já expressaram sua oposição a algumas das propostas em debate. Eles associam a doutrina histórica, que é fruto de interpretações humanas e contextos culturais, à revelação divina.
O Sínodo também traz à tona a discussão sobre a misoginia na Igreja Católica, evidenciada em várias passagens bíblicas que destacam a relevância das mulheres na narrativa cristã. Frei Betto, em seu artigo, critica a visão machista que exclui as mulheres de papéis sacerdotais e o celibato obrigatório.
Ao ressaltar que muitas das tradições da Igreja são mais heranças culturais do que revelações divinas, o autor também aborda a perspectiva da Igreja sobre a procriação e a comunhão amorosa no casamento. A Bíblia, conforme citado, enfatiza o amor como fundamento das relações, sugerindo que a Igreja reconheça a sacramentalidade em todas as formas de amor.
Frei Betto conclui que, tendo em vista o tratamento compassivo e acolhedor de Jesus para com as mulheres, é chegada a hora de a Igreja valorizar seu lado feminino, abrindo seus ministérios para elas.