Em uma virada significativa na postura tradicional da Igreja, o papa Francisco expressou a crença de que, sob circunstâncias específicas e avaliadas caso a caso, é possível abençoar uniões do mesmo sexo. Esta posição é clara em sua afirmação de que “a caridade pastoral deve permear todas as nossas decisões e atitudes”, reforçando a necessidade de compreensão e evitando julgamentos precipitados por parte dos sacerdotes.
O ponto de vista progressista de Francisco surge em meio a um cenário global de mudança de atitudes em relação à comunidade LGBTQI+. Ele defende que tais bênçãos são uma maneira de as pessoas buscarem uma vida mais próxima de Deus e de seus ensinamentos.
No entanto, esta perspectiva não é compartilhada por todos dentro da Igreja. Cinco cardeais conservadores de diferentes continentes levantaram questões sobre a postura da Igreja em relação a casais do mesmo sexo, culminando em uma correspondência que foi tornada pública pelo próprio Vaticano.
Francisco foi enfático ao reiterar que o sacramento do matrimônio, conforme entendido pela Igreja Católica, é entre um homem e uma mulher. No entanto, ele também argumentou que a “prudência pastoral” deve discernir adequadamente as formas de bênção, assegurando que elas não transmitam uma concepção equivocada do casamento.
Uma prática que ganhou destaque durante esta discussão é a tendência observada na Alemanha, onde padres têm abençoado casais homossexuais em relacionamentos sérios. Esta prática, embora não seja universalmente aceita, reflete uma mudança gradual nas atitudes dentro da Igreja.
Francis DeBernardo, diretor executivo do New Ways Ministry, uma organização que busca promover a inclusão dos católicos LGBT na Igreja, vê a resposta de Francisco como um avanço significativo. Para DeBernardo, é um indicativo claro de que a Igreja está reconhecendo que o amor genuíno e santo pode existir entre casais do mesmo sexo, refletindo assim o amor de Deus.