O Comando Militar do Sudeste e a Polícia Civil de São Paulo investigam o furto de 21 metralhadoras do Arsenal de Guerra do Exército, em Barueri, na região metropolitana da capital. Entre os armamentos, estão ao menos 13 metralhadoras calibre ponto 50, capazes de derrubar aeronaves, e oito de calibre 7,62.
Desde o furto, pelo menos 480 militares estão sendo mantidos aquartelados para averiguação no âmbito do procedimento administrativo do Exército que apura o ocorrido. De acordo com o Comando Militar do Sudeste, o objetivo é colher depoimentos dos militares.
“Toda a tropa está aquartelada de prontidão (cerca de 480 militares), conforme previsões legais, para poder contribuir para as ações necessárias no curso da investigação”, diz o comunicado. “Os militares estão sendo ouvidos para que possamos identificar dados relevantes para a investigação”, afirma, de acordo com o portal Metrópoles.
Ainda segundo o Comando Militar do Sudeste, as metralhadoras furtadas eram “inservíveis” e “estavam no Arsenal, que é uma unidade técnica de manutenção, responsável também para iniciar o processo de desfazimento e destruição dos armamentos que tenham sua reparação inviabilizada”.
Maior desvio de armas desde 2009
De acordo com o Instituto Sou da Paz, o furto das 21 armas do Arsenal de Guerra do Exército, em Barueri, é o maior desvio de armas registrado pelas Forças Armadas desde 2009.
Até então, o maior furto de armas havia acontecido em março daquele ano, início da série histórica do Sou da Paz, quando sete fuzis foram levados do 6º Batalhão de Infantaria Leve, em Caçapava, também em São Paulo. Essas armas foram recuperadas.
Ainda segundo o levantamento, 27 armas do Exército Brasileiro foram desviadas, ao todo, no período entre 2015 e 2020. Nesse recorte temporal, o Amazonas é o estado com o maior sumiço (10 armas), seguido do Rio de Janeiro (cinco) e Roraima (três).
Já a Marinha e a Aeronáutica tiveram 21 e seis armas desviadas, respectivamente, no período.
Aquartelamento
Familiares dos militares ouvidos pelo Metrópoles relataram dificuldade para conseguir informações sobre os parentes aquartelados, porque os celulares de todos foram apreendidos.
“A verdade é que eles [militares] não podem falar muita coisa, não podem dar detalhes de nada. O meu marido informou que lá dentro estão todos bem, mas que não há nenhuma previsão de quando irão poder sair”, disse uma parente, que terá a identidade preservada.
Outra familiar chegou a levar itens alimentícios solicitados por um militar, em pedido feito por meio de mensagens (mas não do celular do soldado). Após entregar os alimentos, porém, foi proibido o contato entre o aquartelado e a familiar.
Sobre o aquartelamento de todos os militares de Barueri, o Comando Militar do Sudeste afirmou que “segue os procedimentos previstos para o caso” e informou que todas as providências administrativas foram tomadas com o objetivo de apurar as circunstâncias do roubo.
“Consequências catastróficas”
O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou que as polícias paulistas estão empenhadas para evitar “consequências catastróficas” do furto de 13 armas antiaéreas, levadas do Arsenal de Guerra do Exército.
Derrite compartilhou a mensagem por meio da rede social X, o antigo Twitter, na tarde desse sábado (14/10), um dia depois do Metrópoles revelar o episódio do furto das armas do Exército.
“Lamento o furto das 13 armas antiaéreas do Arsenal de Guerra do Exército. Nós da segurança de São Paulo não vamos medir esforços para auxiliar nas buscas do armamento e evitar as consequências catastróficas que isso pode gerar a favor do crime e contra segurança da população”, escreveu o secretário do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos).