Durante uma tensa audiência realizada em setembro (veja o vídeo abaixo), mas que só agora veio à tona, o juiz de Direito Wladimir Perri, da 12ª vara Criminal de Cuiabá/MT, determinou a detenção de uma mãe cujo filho foi tragicamente assassinado em 2016. O motivo? Um confronto verbal em que ela afirmou ao réu que, embora ele tenha escapado da “Justiça dos homens”, não escaparia da “Justiça de Deus”.
A vítima foi morta em 10 de setembro de 2016 com tiros e, desde então, o réu vem respondendo em liberdade. Durante o depoimento, a mãe foi indagada se se sentia constrangida em prestar depoimento diante do réu. Ela respondeu que, para ela, o réu “não é ninguém”. Em seguida, o juiz repreendeu a mulher, solicitando que mantivesse “serenidade e inteligência”, ao que ela decidiu não mais depor.
A promotora do caso, Marcelle Rodrigues da Costa e Faria, tentou interceder, mas sem sucesso. “O juiz exigiu um comportamento daquela senhora, sem compreender a situação que ela estava. Então, eu intervi de novo, dizendo que eu queria ouví-la, mas novamente o juiz exigiu da vítima inteligência emocional. Novamente, pedi que a vítima pudesse contar a história dela, mas o juiz não quis e encerrou a audiência”, narrou Marcelle.
Conforme o desenrolar dos eventos, ao encerrar a audiência, a mãe se levantou bruscamente, jogou um copo de plástico e reforçou sua fala direcionada ao réu sobre a “Justiça divina”. Esse ato levou o juiz a imediatamente dar voz de prisão a ela. A promotora questiona a veracidade de algumas informações: “Na ata da audiência, o juiz disse que a mulher, no momento que jogou o copo, danificou patrimônio público, quebrando o bebedouro. Mas como um copo de plástico quebra um bebedouro?”.
Após esse episódio, a mulher permaneceu no fórum por mais quatro horas. Ela foi posteriormente encaminhada para a delegacia para prestar depoimento. “O delegado não lavrou flagrante, pois concluiu que não havia provas. Ela não teve liberdade de expressão, não foi ouvida. Isso doeu no meu coração”, lamentou a promotora.