O ex-senador Telmário Mota, suspeito de mandar matar Antônia Araújo de Souza, mãe de sua filha, foi preso pela Polícia Militar de Goiás na madrugada desta segunda-feira (30) na cidade de Nerópolis, a 36 km de Goiânia.
Antônia foi assassinada com um tiro na cabeça em 29 de setembro, enquanto saía de sua residência em Boa Vista, Roraima. Informações preliminares da investigação apontam que o ex-senador teria ordenado o crime após uma reunião em sua propriedade, a fazenda Caçada Real. A descoberta veio a público após a identificação de uma motocicleta, que teria sido estrategicamente preparada por uma ex-assessora de Mota, sendo peça-chave na elucidação do caso.
Mas as complicações legais de Mota não param por aí. Ele também enfrenta acusações gravíssimas de estupro por uma das filhas. Neste contexto, Antônia era considerada testemunha-chave. Tragicamente, a vítima foi morta apenas três dias antes de uma audiência sobre o caso.
Quem é Telmário Mota
Ex-filiado ao Solidariedade e cabo eleitoral do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em Roraima, Mota tinha no deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), ex-ministro do Meio Ambiente, um aliado no governo federal para lutar pelos interesses do agronegócio no norte do país.
Alexandre Saraiva, delegado da Polícia Federal e ex-superintendente do órgão na região amazônica, foi o autor de uma notícia-crime contra o ex-senador, por tentar prejudicar a ação policial contra madeireiros. Salles também é citado no documento.
Segundo Saraiva, Mota articulou reuniões com madeireiros da região, representantes do governo estadual, do Ministério da Justiça e do Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade de frustrar a operação da Polícia Federal.
Em 2020, Mota apresentou um Projeto de Lei que previa em seu texto a retirada das armas de fiscais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), agentes que constantemente se embrenham em matas para enfrentar a violência do agronegócio.