O desaparecimento do armamento de guerra do Exército brasileiro em Barueri, na Grande São Paulo, colocou as forças de segurança do estado de São Paulo em alerta. Desde então, os setores de inteligência das Polícias Civil e Militar desencadearam uma série de ações para identificar qual seria o destino dos fuzis e os supostos negociadores.
Apesar da investigação ficar a cargo do Exército brasileiro, por se tratar de um crime em uma área militar, por determinação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) mobilizou os agentes para tentar localizar o armamento de guerra e evitar que fosse parar nas mãos de criminosos.
“Nós temos um mapeamento das principais lideranças das organizações criminosas que atuam aqui em São Paulo e, nesse contexto, a Polícia Civil começou uma linha investigativa e chegou que esse armamento seria transportado e vendido para outro grupo criminoso que estaria comprando esse armamento desviado do quartel do Exército”, explicou o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, na manhã deste sábado.
Com as informações sobre a atuação da quadrilha e o provável local que as armas estariam escondidas, uma equipe liderada pelo 1º Distrito Policial de Carapicuíba foi até o local, em São Roque, no interior do estado, para realizar uma diligência.
Quando os policiais chegaram no endereço, eles foram recebidos por disparos de armas de fogo. Não se sabe ao certo quantos criminosos estavam envolvidos na ocorrência, mas pelo menos dois efetuaram os disparos contra os agentes. Os tiros acertaram as laterais da viatura da Polícia Civil. Houve troca de tiros, no entanto, os criminosos fugiram para uma região de mata.
A ação foi apoiada por Policiais Militares do 5º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) e por agentes do Centro de Operações Especiais (COE). Eles realizaram uma busca na mata na tentativa de localizar os criminosos.
O armamento de guerra do Exército estava escondido dentro de um lago que se formou no local. Foram localizados cinco fuzis .50, capaz de derrubar aeronaves, e quatro metralhadoras MAG calibre 7.62. O tiro da metralhadora, de origem belga, tem alcance de 2,5 mil metros, podendo disparar de 600 a mil tiros por minuto, inclusive ultrapassando veículos blindados.
“Nós estamos falando aqui que muitas vidas foram salvas com a recuperação dessas armas, vidas de policiais, de cidadãos brasileiros, porque o poder de fogo dessas armas destrói qualquer tipo de blindagem convencional que estamos acostumados”, explicou o secretário Derrite.
Ao todo, 21 metralhadoras foram furtadas do quartel de Arsenal de Guerra de São Paulo. O crime foi descoberto em 10 de outubro, porém, as armas teriam sido desviadas um mês antes. Até agora, 17 armas foram recuperadas, oito delas no Rio de Janeiro.
Com a localização do armamento no interior do estado, o 1º Distrito Policial de Carapicuíba registrou a ocorrência e, a partir de agora, dará sequência nas investigações para identificar e prender os criminosos envolvidos na troca de tiros com os policiais e os supostos negociadores do armamento.
“Nós ainda temos que recuperar mais quatro fuzis .50 que estão faltando e, se estiverem aqui no estado de São Paulo, eu tenho certeza absoluta que os trabalhos investigativos de inteligência da Polícia Civil e dos agentes de campo da Polícia Militar vão conseguir recuperar”, completou o secretário.