A região da Amazônia está enfrentando uma das secas mais severas de sua história, com projeções do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) indicando que a situação pode persistir até o ano de 2024.
O fenômeno climático El Niño é um dos responsáveis pelo cenário atual. Ele contribui para a diminuição das chuvas no Norte e Nordeste do país e, em contrapartida, aumenta as precipitações na região Sul. Uma preocupação adicional surge com a possibilidade de evolução para um “Super El Niño”, similar ao observado entre 2015 e 2016.
Pedro Luiz Côrtes, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, ressalta que, mesmo antes da confirmação desse fenômeno intenso, já estão sendo presenciados eventos climáticos extremos. “Quando há chuva, ela se apresenta de forma muito intensa e, quando há seca, ela se manifesta de maneira extremamente agravada”, comenta o professor.
A combinação do aquecimento do oceano Atlântico com o acúmulo de gases de efeito estufa está intensificando ainda mais esses fenômenos. “Os oceanos estão mais quentes que o normal, alterando a dinâmica dos ventos e levando a extremos climáticos”, acrescenta Côrtes.
O professor Côrtes também manifesta sua crítica à falta de preparo dos governos estaduais, municipais e federais. Ele enfatiza que, mesmo com as previsões disponíveis há meses, medidas proativas e de suporte adequado para a população não foram implementadas. A estrutura logística da Amazônia, que carece de rodovias e depende amplamente dos rios para navegação, agrava o problema, comprometendo o fornecimento de itens essenciais, como água, alimentos e medicamentos.
A expectativa é que a redução da estiagem na Amazônia ocorra apenas em janeiro. Além disso, os efeitos dessa grave seca podem se estender para a região central do Brasil, com potenciais impactos no abastecimento de água e na geração de energia elétrica.