Pesquisadores da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp) realizaram uma descoberta alarmante: variantes do vírus da raiva foram identificadas em morcegos no estado do Ceará. Esta descoberta, divulgada pela Agência Fapesp, suscita preocupações consideráveis, uma vez que o vírus é letal para seres humanos.
A pesquisa revelou a semelhança do vírus encontrado nos morcegos com o que está presente em saguis-de-tufo-branco (Callithrix jacchus). Estes pequenos primatas são frequentemente encontrados em áreas selvagens e urbanas no Brasil, sendo, por vezes, mantidos como animais de estimação, o que poderia facilitar a transmissão do vírus.
Para a realização do estudo, os cientistas analisaram 144 amostras de tecidos retirados dos cérebros de morcegos pertencentes a 15 espécies diferentes. As sequências genéticas do vírus da raiva presentes nas amostras foram extraídas e comparadas com outras armazenadas em bancos de dados públicos.
Os resultados mostraram que um conjunto de sequências era compatível com variantes do vírus encontradas em morcegos do Sudeste em 2010. Outro grupo de sequências apresentava relação evolutiva com o vírus da raiva detectado em saguis-de-tufo-branco do Nordeste do Brasil.
Esta descoberta é especialmente preocupante, dado que os saguis têm se tornado a principal fonte de transmissão de raiva humana nas Américas, após a intensificação da vacinação dos animais domésticos. O estado do Ceará já havia registrado o primeiro caso de morte por raiva associada a um sagui em 1991, com outras 14 mortes subsequentes registradas no estado.
Os resultados detalhados desta pesquisa foram publicados na renomada revista científica Journal of Medical Virology, evidenciando a importância e a gravidade da descoberta para a comunidade científica e a saúde pública.