A Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) da Santa Casa de Araçatuba está coordenando nesta segunda-feira a sétima captação de órgãos deste ano.
O doador é um paciente com 61 anos, de Auriflama, que deu entrada na Santa Casa de Araçatuba na noite de 14 de setembro em quadro clinico de coma decorrente de hematoma subdural agudo traumático, não revertido apesar do tratamento intensivo recebido. O protocolo para investigação de morte encefálica foi iniciado no sábado (16/9) e concluído domingo (17/9) às 11h. Familiares autorizaram a doação dos órgãos.
Equipe do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto iniciou a catação de fígado e rins às 10h30 e serão transportados por meio de voo fretado por volta das 13h30. A equipe terá suporte de batedores da Guarda Municipal de Araçatuba durante o traslado do hospital ao Aeroporto Dario Guarita.
As córneas serão coletadas pelo enfermeiro da CIHDOTT, Matheus Tonon.
57 mil pessoas aguardam órgãos
Os órgãos que estão sendo captados hoje na Santa Casa de Araçatuba vão beneficiar cinco pessoas que estão na fila à esperta de transplantes.
De acordo com dados divulgados em junho deste ano pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), 57.347 pacientes adultos estão na lista de espera nacional. Desse total, 18.733 são do Estado de São Paulo. O rim é o órgão com maior demanda dentre os pacientes da fila de espera. Em todo o país são 31.541 pacientes, 1.175 dos quais, da faixa etária pediátrica.
O médico coordenador da CIDOHTT, Rafael Saad lembra que a “a elevada taxa da recusa familiar à doação de órgãos é o principal obstáculo para efetivação da doação na maioria dos estados”. Segundo dados de junho de 2023 da ABTO, a taxa de recusa nacional é de 49%, “isto é, a cada dois pacientes com morte encefálica confirmada, um não tem seus órgãos doados por recusa da família”, exemplifica Saad.
Na Santa Casa de Araçatuba, a taxa de recusa para a doação de órgãos registrada no período 2015, data da reestruturação da Comissão Intra-Hospitalar de Transplantes a agosto de 2023, foi de 21%.
“Por tudo isso, reforçamos a importância da comunicação entre os familiares sobre a vontade de ser um doador de órgãos, pois apenas com o consentimento familiar é possível realizar a doação”, orienta Saad.
As informações do coordenador da CIHDOTT são relativas às divulgações relacionadas ao Setembro Verde, mês de conscientização e incentivo para a doação de órgãos.
CIHDOTT
A comissão tem como atividades básicas a realização de busca ativa de potenciais doadores, que são os pacientes em uso de ventilação mecânica e sem resposta neurológica.
Os integrantes da CIHDOTT auxiliam no diagnóstico de morte encefálica que é realizado através de protocolo rígido e avaliado por dois médicos diferentes, além de exame complementar com confirmação da ausência de qualquer atividade cerebral. A realização de um protocolo de investigação de morte encefálica envolve o apoio de vários médicos do corpo clínico do hospital.
A CIHDOTT, também realiza entrevista com os familiares do doador falecido, nas quais esclarece dúvidas e apresenta a opção da doação. A comissão, também colabora com a manutenção do doador, com a ajuda de aparelhos, até a chegada das equipes que realizarão a captação dos órgãos.
O coordenador Rafael Saad lembra que no período de 2007 a 2014 o hospital registrava média de uma doação/ano. “No período de 2015 a 2022 tivemos uma média de 13 doações de múltiplos órgãos por ano. Em 2023, até o mês de agosto, tivemos seis doações de múltiplos órgãos e uma doação de córnea de paciente falecido por parada cardíaca”.
As captações realizadas até o mês de agosto totalizam 12 rins, 4 fígados, 2 pulmões, 14 córneas, 4 corações para valvas cardíacas e uma doação de ossos, beneficiando mais de 40 pacientes.
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