A Polícia Civil do Distrito Federal deflagrou nesta quarta-feira (20/9) a Operação Falso Profeta, investigando um grupo de onze pastores por aplicar golpes milionários em fiéis. Estes líderes religiosos são acusados de se aproveitar do nome do ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, para dar credibilidade às suas ações fraudulentas.
O pastor goiano Osório José Lopes Júnior é apontado como o principal nome por trás do esquema. Ele tem promovido a venda de títulos alegadamente lastreados em ouro, descritos por ele como “Letra do Tesouro Mundial”. Durante a operação, a maioria dos 16 mandados de busca e apreensão foram realizados em Brasília e São Paulo. O pastor Osório é considerado foragido.
Dentre as estratégias utilizadas para enganar suas vítimas, o grupo se valeu de fake news e até instigou hostilizações contra figuras públicas, como o ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal.
A amplitude do esquema é alarmante: o inquérito já identificou cerca de 200 participantes ativos na organização criminosa. Além disso, estima-se que os golpes aplicados pelo pastor Osório Júnior, durante pelo menos nove anos, afetaram mais de 50 mil vítimas, tanto no Brasil quanto no exterior. Somente nos últimos cinco anos, os envolvidos movimentaram ao menos R$ 156 milhões, com 40 empresas “fantasmas” e mais de 800 contas bancárias suspeitas identificadas.
O golpista enganava as vítimas, na sua grande maioria evangélicos, fazendo-as acreditar que eram “pessoas escolhidas por Deus” para receber a “benção”, ou seja, quantias milionárias.
Um dos chamarizes do golpe era a promessa de retornos financeiros extraordinários. Em um dos exemplos identificados, com um simples depósito de R$ 25, a pessoa poderia receber o inimaginável montante de R$ 1 octilhão (ou 1 seguido de 27 zeros: R$ 1.000.000.000.000.000.000.000.000.000).
O esquema se alicerçava em uma teoria conspiratória denominada “Nesara Gesara”, descrita como uma reforma política, econômica e financeira que libertaria a humanidade, eliminando dívidas, juros e impostos. No entanto, não há evidências que sustentem tal teoria.
Paulo Guedes, ex-ministro citado pelo grupo, não é alvo das investigações.