A família do aposentado Arnor Nunes, 77 anos, procurou a polícia para registrar um boletim de ocorrência contra a Santa Casa de Araçatuba, depois que uma enfermeira retirou o oxigênio que ele usava no hospital. O caso aconteceu por volta das 20h de sábado (16), mas foi comunicado à Polícia Civil nesse domingo (17).
Conforme a filha do paciente, Andréia de Jesus Nunes, que fica como acompanhante do pai no hospital, ele utiliza oxigênio há dois meses, por prescrição médica, pois está em estágio avançado de câncer na próstata e no pulmão. Para o uso em casa, o fornecimento do oxigênio é feito pela Prefeitura.
Como o quadro clínico do aposentado piorou, ele precisou ser intenado na Santa Casa na quinta-feira, dia 14. Entretanto, no sábado à noite, Andréia contou que retirou por alguns minutos a máscara do pai, para umudecer a sua boca.
A enfermeira, então, chegou, segundo a filha, mediu a saturação de seu pai e disse que estava boa, ou seja, sua oxigenação no sangue estava em níveis satisfatórios, não sendo necessário mais a utilização do oxigênio, e que faria o chamado “desmame”, quando ocorre a retirada gradual ou abrupta do suporte ventilatório mecânico.
Preocupada, a filha pegou o catéter de oxigênio que havia levado na ambulância, no transporte de seu pai de casa para o hospital, e colocou no paciente. “Meu pai não pode ficar sem oxigênio de jeito nenhum, pois a saturação dele cai e ele pode morrer”, afirmou Andréia ao RP10.
Com a negativa da enfermeira em recolocar a máscara de oxigênio em seu pai, Andréia chamou sua mãe, Maria Anita, que foi até o hospital, tentou conversar com a profissional de saúde, mas como houve nova negativa, decidiu chamar a Polícia Militar.
Os policiais militares chegaram à Santa Casa e a mesma enfermeira, conforme o relato dos familiares no boletim de ocorrência, se negou, mais uma vez, a recolocar o oxigênio, o que foi feito somente após a chegada de uma supervisora, que avaliou a situação e determinou a reinstalação do gás no paciente.
“A situação do meu pai é muito grave, ele está em estado terminal, fica a maior parte do tempo inconsciente, está com câncer e pneumonia. A a enfermeira não poderia ter agido desta forma, sendo que os próprios médicos que prescreveram o uso contínuo do oxigênio”, afirmou a filha.
O boletim de ocorrência foi registrado como não criminal, mas a família pede que a situação seja apurada e que providências sejam tomadas para que isso não volte a ocorrer.
OUTRO LADO
A assessoria de imprensa da Santa Casa de Araçatuba enviou a seguinte nota sobre o caso ao RP10:
“Após apuração que realizamos junto à enfermeira Responsável Técnica (RT) pelo Setor de Enfermagem da Santa Casa de Araçatuba, informamos que a queixa registrada no Boletim de Ocorrência não corresponde aos fatos. A saber:
O paciente estava sem desconforto respiratório. A mascara de oxigênio foi retirada pela acompanhante para umedecer a boca do paciente e não pela enfermeira, como foi declarado.
Porém, ao aferir os parâmetros e sinais vitais do paciente, a profissional constatou que sua saturação estava em 99, considerado um parâmetro ótimo, por isso, decidiu mantê-lo sem o oxigênio. De acordo com a RT, O oxigênio é um medicamento, “e como tal precisa ser ministrado quando necessário e na dose adequada à necessidade”, o que não era o caso, naquele momento. Posteriormente, o paciente seria reavaliado e havendo necessidade, o oxigênio voltaria a ser ligado.
Porém, a acompanhante passou a questionar a falta do oxigênio e não considerou as explicações da enfermeira. Chamou sua mãe e ambas iniciaram ruidosa discussão com a profissional chegando inclusive a partir para cima dela em ameaça de agressão. Os seguranças do hospital precisaram intervir devido o grau de agressividade dos familiares.
Enquanto a enfermeira foi à Farmácia Central buscar medicamentos, os familiares chamaram a Policia Militar, para qual insistiu “em prescrever o medicamento” para o paciente.
Como forma de acalmar a família, a enfermagem optou por religar o oxigênio em grau mínimo, substituindo a máscara por um pequeno cateter. Na avaliação seguinte, constatou-se que o paciente mantinha os níveis registrados no período que estava sem a máscara.
De acordo com a RT em nenhum momento o paciente apresentou desconforto respiratório, enquanto esteve sem o oxigênio.
A enfermeira vitima de desacato e tentativa de agressão pelos familiares, informou que também fez um boletim de ocorrência, no momento em que a Policia Militar esteve no hospital.”