Indignado com o corte radical de aproximadamente 20 árvores saudáveis, na rua Porangaba, em Araçatuba (SP), o empresário e ambientalista Marcos Canola decidiu se acorrentar ao tronco de uma delas, na manhã desta sexta-feira (15), em protesto à erradicação dos exemplares da espécie Oiti.
Canola, que é presidente da Associação Amigos do Rio Tietê, faz um trabalho voluntário de plantio de mudas, na tentativa de aumentar a arborização na cidade e na zona rural de Araçatuba. A primeira decepção, segundo ele, foi ao se deparar com o corte de dez árvores saudáveis, na semana passada.
Nesta sexta-feira, o empresário e ambientalista ficou novamente indignado ao se deparar com mais árvores erradicadas, e resolveu protestar colocando cruzes em cada um dos troncos que restaram, além de se acorrentar a um deles, com o próprio punho. “Coloquei as cruzes porque o lugar ficou muito triste, parecendo mais uma cemitério”, afirmou.
“A gente não sabe o motivo, quem autorizou o corte e por que autorizou. Esta área estava em leilão, mas não há obra, não tem fio elétrico e as árvores estavam em perfeito estado”, afirmou. “Só saio daqui quando as autoridades disserem o motivo real do por quê da erradicaçao”, afirmou.
Ele afirmou que estava fazendo o plantio de árvores em uma região da cidade, nesta sexta-feira, quando soube do corte dos exemplares na rua Porangaba. “A gente estava plantando, até porque, em setembro, comemora-se o Dia da Árvore”, disse.
Conhecido também por realizar limpezas anuais às margens do Rio Tietê, o empresário e ambientalista disse, emocionado: “Mexeu com a natureza, mexeu com o meu sentimento”.
Ele também se disse preocupado com o aquecimento global e, antes de se acorrentar ao tronco de uma das árvores, colocou uma placa em uma delas, com os dizeres: “Eu queria viver aqui para sempre, mas nao foi possível.”
Outro lado
O secretário municipal do Meio Ambiente, Lucas Proto, afirma que, diferente das maiores cidades de São Paulo, a Lei de Arborização Urbana de Araçatuba atual é feita com dispositivos que permite retiradas de quaisquer árvores que venham atrapalhar algo em caso de obras a serem implementadas em qualquer local. Ele disse, inclusive, que já expôs a situação ao empresário que está protestando contra o corte das árvores na Porangaba.
“Muita coisa mudou no conhecimento científico sobre Arborização Urbana no mundo de hoje e essa é uma lei que deveria ser hoje mais elaborada, assim como as espécies utilizadas, porque, basicamente, usaram uma única espécie que não é nativa na cidade”, afirmou.
Proto disse, ainda, que, enquanto a lei for a atual, esses dispositivos legais deverão ser respeitados pelo Executivo, que só faz ou deixa de fazer mediante lei em vigor.
“Lembrando que a compensação ambiental será realizada com árvores de espécies nativas que trazem mais benefícios ao ecossistema, segurança à população e proteção legal estadual e federal.”