Mensagens de celular obtidas pela Polícia Federal revelam conversas entre assessores do ex-presidente Jair Bolsonaro sobre a venda ilegal de presentes oficiais recebidos de delegações estrangeiras. Em algumas dessas mensagens, os assessores sugerem que Bolsonaro estava ciente do valor de mercado das peças e mencionam um item que teria “sumido com a Dona Michelle”, referindo-se à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Em um dos diálogos, Marcelo Câmara, assessor especial de Bolsonaro, envia um áudio a Mauro Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens, mencionando uma conversa com Bolsonaro. No áudio, datado de 1º de março deste ano, Câmara explica por que Bolsonaro não pegou certas esculturas em um encontro com o general Lourena Cid em Miami, alegando que não tinham valor significativo.
Os áudios também mostram Câmara e Cid debatendo a legalidade da venda dos presentes. Objetos de alto valor, como os discutidos, deveriam ser entregues ao acervo da Presidência da República, tornando-se bens públicos.
Em outro trecho, Cid sugere que Câmara entre em contato com Marcelo da Silva Vieira, ex-chefe do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência, para esclarecer a situação. Cid menciona que Vieira teria garantido que o presidente poderia fazer o que quisesse com os itens, pois seriam “personalíssimos”.
Câmara, por sua vez, responde que já havia discutido o assunto com Bolsonaro, que teria confirmado esse entendimento, mas ressaltou a necessidade de registrar os itens na comissão de memória.
Além disso, Câmara menciona um presente que teria “sumido” com a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, alertando para a necessidade de cuidado para evitar problemas futuros.
O material obtido pela PF lança luz sobre possíveis práticas irregulares envolvendo presentes oficiais durante a gestão de Bolsonaro, e pode ter implicações legais para os envolvidos.
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