A audiência de instrução e julgamento da tentativa de latrocínio contra o líder comunitário Damião Brito, no dia 3 de abril na rua Baguaçu, em Araçatuba, está marcada para o dia 20 de setembro. Pai e filho acusados do crime, que teve muita repercussão diante da maneira como ocorreu, aguardam julgamento presos.
A reportagem do RP10 teve acesso a trechos do inquérito da Polícia Civil e imagens extraídas de um vídeo de uma câmera de segurança da Samar mostram passo a passo como se deu a dinâmica do crime, sendo que como foram externas e a distância, não houve captação de áudios.
As imagens refletem à versão dada por Damião Brito, tanto {à polícia quanto uma entrevista exclusiva que ele concedeu ao RP10 quando estava internado na Santa Casa, dois dias após o crime. Confira
15h50 – O veículo de Brito, um HB 20 branco, está transitando pela Baguaçu sentido bairro – centro quando para repentinamente quase em frente a portaria de entrada e saída de veículos da Samar.
15h51 – O condutor do carro (Brito) abre a porta com as mãos para cima, como se estivesse tentando se defender de uma pessoa que estaria no banco do passageiro o atacando. Ele tenta se desvencilhar e sair do veículo, mas fica enroscado em algo, aparentemente o cinto de segurança.
15h51 – Ainda no mesmo minuto, outra pessoa assume a direção do veículo e sai arrastando o motorista (Brito), enroscado ao carro, no momento em que o veículo sai do campo de captação de imagens da câmera.
15h51 – Em seguida o veículo, após ter feito o retorno, passa no local em sentido contrário (centro-bairro).
15h52 – Um jovem aparece na portaria da Samar dando sinais de que outra pessoa estaria com ferimentos no pescoço, fazendo gestos com as mãos.
15h54 – Um homem (Brito) aparece no campo de captação de imagem, cambaleando, sendo acudido por outra pessoa que tenta estancar um sangramento.
15h59 – Chega a primeira viatura da Polícia Militar. A vítima está fora do campo de captação de imagens e populares se aglomeram em frente ao portão da Samar.
16h05 – Uma viatura do resgate do Corpo de Bombeiros começa a prestar os primeiros-socorros à vítima.
16h13 – A viatura do resgate deixa o local levando a vítima ao pronto-socorro da Santa Casa.
Versão
Na entrevista que deu ao RP10 quando ainda estava internado na Santa Casa, Brito contou que que na tarde de segunda-feira conversou com um rapaz que lhe devia um dinheiro (referente ao distrato da venda de um imóvel) e fez a cobrança. O devedor pediu para que ele o buscasse para irem ao banco. Eles combinaram de se encontrar na rua Baguaçu, ao lado da Unip.
Brito foi o local onde pegou pai e filho, Jair Rossi Santos e Patrício Ferreira Santos, respectivamente. Os dois entraram no carro, o pai no banco traseiro e o filho no dianteiro. “Assim que sai com o carro, o passageiro que estava atrás colocou uma faca no meu pescoço. Pensei que fosse uma brincadeira, mas ouvi o filho dele gritando: mata! mata!”, contou o líder.
Ele tentou se defender e segurou a faca, e acabou tendo um dedo decepado. “O rapaz que estava do meu lado (Patrício) também estava com uma faca. Abri a porta do carro pra pular e fiquei enroscado levando facadas na mão, foram mais de 15”, lembrou. Brito também levou a facada no pescoço.
O rapaz que estava no banco dianteiro assumiu o volante do carro de Brito e o arrastou até ele escapar. Segundo a vítima, os criminosos voltaram com o carro para tentar atropelá-lo, mas ele já estava sobre a calçada, onde ficou até ser resgatado pelo Samu. Os autores fugiram com o carro de Brito, que foi encontrado abandonado dias depois na zona rural de Birigui. Parte do dedo decepado de Brito estava no interior do veículo.
Dias depois, pai e filho também deram uma entrevista ao RP10, e no mesmo dia foram presos quando estiveram na delegacia para prestar depoimento, porque o delegado que presidia o inquérito já havia pedido a prisão temporária de ambos, as quais foram decretadas pela Justiça. Eles tentaram o relaxamento da prisão, sem êxito, e aguardam o julgamento presos.