Após ter um projeto rejeitado por dez votos a três, o vereador Arlindo Araújo (MDB) chamou os seus pares de “ridículos” e “nojentos”, durante a 23ª sessão ordinária da Câmara de Araçatuba, realizada nessa segunda-feira (14). O parlamentar ainda atirou um frasco de álcool no colega Nelsinho Bombeiro (PV), durante sua justificativa de voto e chamou os vereadores para “uma conversa lá fora”, porque teria o “maior prazer em sentar a mão na lata de todo mundo”.
O destempero do vereador começou após a verificação de votação solicitada pelo vereador Dr. Jaime (PSDB), líder da bancada do prefeito Dilador Borges, do mesmo partido, já que, inicialmente, a presidente da Casa, Cristina Munhoz (União Brasil) havia declarado que o projeto havia sido aprovado. O placar no sistema eletrônico de votação, no entanto, apontou os 10 votos contrários e os 3 favoráveis que resultaram na rejeição da matéria, que foi votada sem discussão.
O projeto previa a inclusão de pacientes com câncer e problemas renais crônicos entre os que possuem mobilidade reduzida, com o objetivo de garantir a eles vagas especiais de estacionamento no entorno da Santa Casa de Araçatuba.
Os únicos que votaram a favor do projeto foram Lucas Zanatta (PL) e Luís Boatto (MDB), além do autor. Os votos contrários foram de Antônio Edwaldo Dunga Costa (DEM), Arnaldinho (Cidadania), Gilberto Batata Mantovani (PL), Dr. Jaime e Dr. Alceu (PSDB), João Moreira e Maurício Bem-Estar (PP), Nelsinho Bombeiro (PV), Regininha (Avante) e Wesley da Dialogue (Podemos). Coronel Guimarães, que participou da sessão de forma remota, não votou.
Inconformado com o resultado da votação, Araújo começou dizendo que tentaria se manter calmo, mas admitiu estar ‘bravo’. “Eu confesso que eu tinha certeza que esse projeto ia ser aprovado. Olha quanta inocência da minha parte, hein. Eu tenho mais de 30 anos de Câmara e eu ainda pensei que essa Casa podia ter alguma sensibilidade, alguma empatia, alguma subserviência menor ao prefeito municipal, tivesse um pouco mais de opinião própria, mas eu confesso que eu me vi surpreso com a decisão dos colegas”, disse.
“Seres mitológicos das profundezas do tártaro”
E continuou: “Essa decisão da Casa, apesar de me surpreender, me deixa profundamente chateado, porque isso aqui não é uma Câmara Municipal, isso aqui é uma confraria de seres mitológicos que emergiram do umbral, do tártaro, da falta de empatia, da pouca vergonha. Falam em nome de Deus aqui toda hora, vivem rezando, fazem um monte de projeto ridículo que eu até saio para não ficar ouvindo as tonteiras que são ditas aqui, ficam puxando o saco do prefeito. Agora, uma coisa que vem ao encontro da necessidade de pessoas doentes, seres mitológicos das profundezas do tártaro, vocês têm o meu desprezo. Vocês não são só ridículos, são nojentos”, afirmou.
Na sequência, Arlindo Araújo chamou os vereadores que se sentiram incomodados com sua fala para que fossem conversar “lá fora”.
“Vai conversar comigo lá fora, pode ir um por um, porque eu vou ter o maior prazer de sentar a mão na lata de todo mundo. E depois, se quiserem cassar o meu mandato, falar que eu tô ameaçando, eu não tô ameaçando, eu tô falando que eu converso com qualquer um lá fora, porque eu perdi a minha paciência com vocês. Isso aqui não tem cabimento. Sei que foi ordem do prefeito e não me venham com explicações ridículas, com desculpas esfarrapadas, porque não tem lógica isso. Eu falei que eu ia tentar me manter calmo, mas vocês se assemelham realmente a seres mitológicos que moram no tártaro, nas profundezas dos quintos dos infernos e vêm pra cá e não têm compaixão nenhuma com ninguém”, afirmou.
Frasco
Araújo ficou ainda mais irritado quando Nelsinho Bombeiro pediu para justificar seu voto e disse que Arlindo teria admitido para ele ter copiado e colado trechos de outro projeto. O vereador do MDB, então, atirou um frasco de álcool no colega e o chamou de ridículo, vassalo e puxa-saco do prefeito, afirmando que em nenhum momento disse ter feito cópia de outra matéria em seu projeto.
A gritaria continuou por mais alguns minutos, com Arlindo pedindo para que Nelsinho Bombeiro se levantasse. A turma do deixa-disso interveio e a sessão continuou.
Segundo a presidente da Casa, Nelsinho solicitou as imagens da sessão. À reportagem do RP10, ele disse que está estudando o Código de Ética da Câmara e que ainda não decidiu se pretende representar contra o colega por quebra de decoro.
“Apesar de ter recebido muitas mensagens positivas, estou bem chateado. Vou esperar um pouco para decidir o que fazer”, afirmou.