Personagem central do noticiário político-policial nos últimos dias, o advogado Cezar Bitencourt, que representa o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, reafirmou nesta segunda-feira (21) que seu cliente vai fazer uma confissão na investigação sobre a venda de um relógio recebido pelo hoje ex-presidente enquanto ocupava o Palácio do Planalto.
Em entrevista ao canal de televisão por assinatura CNN Brasil, Bitencourt foi taxativo ao dizer que seu cliente pretende fazer “é uma confissão”. Ele afirmou ainda que “as provas estão aí. Aconteceu, ele [Cid] realizou, ele vai admitir”, em referência à venda do relógio nos Estados Unidos.
Bitencourt tem se notabilizado por entrevistas “bombásticas”, mas ao mesmo tempo bastante contraditórias. Ao jornal O Estado de S. Paulo, por exemplo, afirmou que poderá dar “20 ou 30 versões” sobre o caso. Porém, à CNN, reforçou o que já tinha dito: que a venda aconteceu a mando de Bolsonaro.
“Foi dito o seguinte: quando se verificou a dificuldade [da venda do relógio], ele disse ‘resolve isso aí, Cid, isso é contigo’. Mandou o Cid. O Cid foi atrás, resolver o problema. Simples assim”, disse o advogado. Quando perguntado quem seria “ele”, Bitencourt complementou: “o presidente, o presidente”, em referência a Jair Bolsonaro.]
Durante a entrevista desta segunda, Bitencourt comentou ainda fala do próprio ex-presidente e hoje inelegível, que conversou com a reportagem do O Estado de S.Paulo na última sexta e afirmou que Cid tinha autonomia para agir – tentando responsabilizar o ex-ajudante de ordens pela venda.
“Ele [Cid] era assessor, conhecia o chefe [Bolsonaro], não sei há quanto tempo trabalhava junto, tem intimidade. Aliás, eu vi a entrevista do presidente e ele diz ‘o Cid tinha autonomia’. Tinha autonomia dentro dos limites da assessoria, aquilo que ele está lá para fazer. Ele recebeu determinação: ‘resolve aí’, e ele resolveu”, afirmou.
Ao comentar conversas com o advogado Paulo Cunha Bueno, que representa Bolsonaro, Bitencourt deixou clara a postura atual da defesa de Cid e chamou Bueno de “adversário no processo”.
“Ele está de um lado no processo e o meu está do outro lado. Ele faz o trabalho dele, tecnicamente respeitoso, e eu faço o meu, respeitosamente. É assim que funciona. A gente não é inimigo, somos defensores, advogados. Temos experiência nisso aqui. O advogado dele vai fazer o melhor para ele. Pelo menos vai tentar. E eu vou tentar fazer o melhor para o meu [cliente]”, destacou.
Investigações
Mauro Cid está preso preventivamente desde 3 de maio, mesmo dia em que a Polícia Federal fez operação de busca e apreensão na casa de Bolsonaro. A prisão de Cid ocorreu no âmbito da operação “Lucas 12:2”, da PF, que investiga suposto desvio de joias e outros itens de luxo para o patrimônio privado do ex-presidente. O valor obtido com a venda ilegal dos presentes oficiais pode ter ultrapassado R$ 1 milhão.
Além de Mauro Cid, fariam parte do esquema seu pai, o general da reserva Mauro César Lourena; o segundo-tenente do Exército Osmar Crivelatti, braço direito de Mauro Cid; e o ex-advogado da família Bolsonaro Frederick Wassef.