Em diversas áreas rurais da China e Taiwan, funerais incluem um elemento inusitado: apresentações de strippers. As famílias enlutadas contratam as dançarinas com a crença de que cerimônias com muitos presentes trazem boa sorte ao falecido.
Em muitos casos, as dançarinas se apresentam ao lado do caixão, mesmo com a presença de crianças e idosos. Segundo o New York Post, a prática, que se tornou comum na década de 1990, é vista como um sinal de honra e respeito aos mortos. Alguns especialistas sugerem que as performances de strippers em funerais podem ser interpretadas como uma forma de culto à fertilidade.
Everett Zhang, professor de estudos do Leste Asiático na Universidade de Princeton, relatou ao The Guardian em 2015 que funerais, assim como casamentos, também servem como marcadores de classe e são, por vezes, sinônimos de demonstração de riqueza. Quando a pessoa que morreu teve uma vida longa, esses eventos tornam-se uma celebração. Os shows de strippers teriam prosperado nas áreas rurais devido à ausência de outros eventos culturais.
Taiwan é o local onde essa prática é mais prevalente. Em 2017, por exemplo, um funeral para homenagear um político local contou com a performance de 50 dançarinas nos tetos de jipes, segundo relatório da BBC.
O Ministério da Cultura da China tem tentado coibir a prática. Em 2018, o órgão mirou províncias rurais que promoviam “performances obscenas e vulgares em casamentos, funerais e feiras de templos”, de acordo com o jornal estatal chinês Global Times. Na época, foi estabelecido um canal de denúncias para a população relatar “crimes funerais” em troca de recompensa em dinheiro.
Anteriormente, em 2015, o Ministério já havia implementado um plano para eliminar as apresentações de striptease em funerais, descrevendo a prática como “entretenimento erótico” e “incivilizada”. Em 2006, cinco pessoas foram presas em Jiangsu por “performances obscenas” durante o funeral de um fazendeiro, evento que atraiu 200 espectadores, conforme informou o jornal britânico The Independent.