Uma reportagem da revista Veja revelou que a igreja liderada pelo pastor André Valadão promove retiros espirituais que buscam a suposta “reorientação” da sexualidade, prática conhecida como “cura gay”. A igreja, com sede em Belo Horizonte e 700 filiais em cinco continentes, realiza esses retiros em Sabará, Minas Gerais, sob a liderança da pastora Ezenete Rodrigues.
Os eventos duram de três a oito dias e custam até R$ 3 mil. “Nossos retiros não são só para homossexuais, lésbicas, essas coisas, mas sempre trabalhamos a cura e a libertação interior, e muita gente sai restaurada. Eles entendem que essa não é a vida que agrada ao Senhor”, afirma a pastora.
A Veja entrevistou pessoas que passaram pelo processo. Cláudia Baccile, publicitária que já abandonou a igreja, revelou que os participantes são bombardeados com ideias como “a homossexualidade é o pecado extremo” e que quem se envolver em ato sexual dessa natureza “será condenado à morte eterna”. A comunidade LGBTQIAPN+ é demonizada no local, segundo a reportagem.
“Para ser filho de Deus, é necessário negar sua orientação. O trabalho é tão forte que as pessoas são induzidas a acreditar que estão demonizadas”, explicou o pastor gay Bob Botelho.
O Ministério Clínica da Alma, em Belo Horizonte, também foi citado como um local que promove a “cura gay”. Fiéis da Igreja Batista da Lagoinha são encaminhados para o local, onde psicólogos reforçam os “princípios cristãos” de que o homem foi feito para a mulher, e vice-versa.
No entanto, a prática de “cura gay” é proibida pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) desde 1999. “Não existe psicologia cristã: ela é laica e todas as vertentes precisam obedecer às mesmas resoluções”, explica Pedro Bicalho, presidente do CFP.
Nota do pastor André Valadão:
“A Igreja da Lagoinha se dedica ao acolhimento cirstão e fraterno de todos aqueles que buscam auxílio espiritual, incluindo a comunidade LGBTQIA+, presidiários, prostitutas e pessoas marginalizadas. Esse acolhimento é oferecido com amor e respeito, levando em consideração a história individual de cada fiel.
Em relação ao inquérito, é importante ressaltar que o pastor afirmou repetidamente que suas palavras foram distorcidas e que ele nunca incitou qualquer forma de violência física ou verbal contra a comunidade LGBTQIA+ ou qualquer outro grupo. É fundamental deixar claro que o sermão do pastor foi dirigido exclusivamente aos fiéis, dentro de um contexto religioso e no interior de um templo. O sermão proferido em 2 de julho teve como base ensinamentos cristãos, afirmados por evangélicos e católicos. Em momento algum, o objetivo do sermão foi incitar crimes contra qualquer grupo. A liberdade de expressão durante cultos religiosos inclui o direito de pregar sobre temas sensíveis à sociedade, seja a favor ou contra, de acordo com os ensinamentos de cada denominação.
É importante enfatizar que o pastor jamais afirmou a frase “e Deus deixou o trabalho sujo para nós”, que faz referência à falsa ideia de que ele estava se referindo à morte de homossexuais. Por esse motivo, o pastor tomará medidas legais contra aqueles que inventaram tal declaração. É válido lembrar que os religiosos têm o direito de se posicionar em relação a temas controversos, como o aborto e a homossexualidade, desde que fundamentem suas opiniões em seus princípios religiosos e não incite a violência ou a discriminação”