Hélio Consolaro*
Sempre sou procurado para escrever livro sobre a vida de alguém. Os argumentos são assim: “A pessoa foi muito boa, merece ser lembrada!” ou então é uma proposta narcisista: “Quero deixar a minha história para meus netos e demais descendentes. Eu dito e o senhor vai escrevendo…”
Pela relação de meus livros publicados, o leitor já concluiu que nunca aceitei fazer tal trabalho. Há escritores especializados em biografia, nessa hora pode-se cobrar um bom dinheiro pela tarefa. São tão escritores quanto os outros, mas não faz o meu gênero. Eu gosto mesmo de homenagear amigos com crônicas. Em Araçatuba, há dois biógrafos: Arnon Gomes e Marcelo Teixeira.
Outro dia, em conversa com a professora Tânia Sabino Damazo, perguntei: “Cadê o Edemur Casanova? Seu colega de turma na Funepe?” (Penápolis, nos idos de 1969-72). E ela me disse: “Tenho o livro que ele publicou”.
Com tendência às artes plásticas, Edemur acabou fazendo o curso de Desenho. E é um excelente artista. Pá de cá, pá de lá, Tânia me emprestou o exemplar de “Pirâmides do tempo”. Você, caro leitor, pode encontrá-lo em estantevirtual.com.br, foi publicado em 2009, 336 páginas, editora Palloti.
Edemur Casanova fora batizado com nome de artista, mas isso só não bastou, ele acreditou em todos os livros motivacionais dirigidos a quem tem um sonho e se jogou literalmente no mundo.
Depois de formado, 1973, sem fazer nenhum estágio, em capital brasileira, foi morar em Paris, queria fazer pós-graduação na Sorbone. Pulou direto da aldeia à metrópole estrangeira sem dominar o idioma francês. Foi de mão abanando, sem lenço e sem documento, como canta Caetano Veloso.
E conseguiu seus objetivos. Conforme o contado por ele no livro, comeu o que o diabo amassou com o rabo, mas foi vitorioso. Atualmente é professor titular da Universidade Federal de Santa Maria.
Escreveu o livro “Pirâmides do tempo” para contar ao mundo a sua façanha, que ninguém desafie Edemur Casanova, porque ele é um vencedor.
Depois de realizar o sonho, conheceu todas as paragens do planeta. Até as pirâmides do Egito. E contou todas as viagens no livro, por isso a apresentadora da obra na quarta capa, Ceres Helena Ziegler Bebilaqua, chamou-o de relato de viagens, enriquecido pelo olhar do artista com sua maneira de ver o mundo.
“Pirâmides do tempo” é quase um álbum de fotos de belíssimos lugares visitados por Edemur, não deixou um museu para trás.
Em 1976, terminado o mestrado, Edemur Casanova visitou Penápolis. E ele escreveu sobre a sua expectativa da sua chegada a Penápolis, que é uma descrição de seu antigo perfil: “Mas onde estaria aquele jovem de cabelos compridos, cheio de colares, calça boca de sino, pulseiras? Onde estaria aquele adolescente que tinha deixado o interior de São Paulo?” Na mesma página 67, ele responde às perguntas com a descrição de como estava o seu perfil na visita. Era outro Edemur.
O penapolense Edemur Casanova se tornou ilustre. Realizou muitas exposições de sua arte pelo mundo, inclusive em Paris. A força da resiliência aparece em toda a sua narrativa. Mais uma estrela de Penápolis que brilha no mundo da cultura.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Membro das academias de letras de Araçatuba – SP, Andradina – SP, Penápolis – SP e Itaperuna – RJ.