Uma pesquisa realizada pela OMS (Organização Mundial de Saúde) entre 2000 e 2020 indica que, em dez anos, aproximadamente 37 milhões de mortes foram evitadas por meio da vacinação para diversas doenças, sendo uma média de quatro mortes por minuto, ou seja, mais de duas milhões anuais, segundo o órgão. E, todo ano, em 9 de junho, celebra-se a importância do procedimento por meio do Dia Nacional da Imunização, data dedicada à conscientização e ao alerta sobre a importância de manter a carteira de vacinação sempre atualizada, em qualquer fase da vida.
Na semana passada, governos de diversos estados brasileiros prorrogaram por mais 30 dias a campanha de imunização contra a gripe em razão da baixa procura. Em São Paulo, por exemplo, da meta de 90%, apenas 32,9% da cobertura vacinal foi atingida. “As baixas adesões, dentre outros fatores, são atribuídas às fake news. Por isso, sempre que houver uma dúvida sobre as vacinas, é importante procurar sites, telefones oficiais do Ministério da Saúde ou o portal da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim)”, salienta Luiz Alberto Verri, pediatra do Vera Cruz Hospital especializado em vacinas.
Eficazes e seguras, elas estimulam o organismo a produzir defesas contra determinadas patologias por meio de anticorpos que possam atuar contra vírus, bactérias e ainda gerar uma memória de resposta imunológica, que, por sua vez, leva a uma maior proteção do indivíduo contra agentes infecciosos. Além de mortes, as vacinas evitam doenças e comorbidades com sequelas, que necessitam de internações e tratamentos prolongados.
Segundo Verri, a imunização é necessária desde o primeiro mês de vida. A primeira é pela BCG-IG, que protege contra formas da tuberculose, doença que acomete principalmente os pulmões, mas também ossos, membranas, rins e meninges (membranas que envolvem o cérebro). “E a rotina deve seguir ao longo da vida, inclusive na terceira idade, como a vacina contra herpes-zóster e as pneumocócicas conjugadas, por exemplo, indicadas após os 60 anos”, explica.
Gestantes também devem ser imunizadas, pois passam anticorpos para o bebê, garantindo maior proteção no início de vida. As vacinas do calendário infantil chegam para complementar essa proteção.
“No Brasil, cada vacina tem um percentual de adesão, mas, de modo geral, a média é de 67% da população”, explica o médico. “Costumamos enfatizar a importância da imunidade de rebanho, ou seja, quanto mais pessoas são vacinadas, maior as dificuldades de agentes infecciosos se propagarem, protegendo de forma indireta quem ainda não se imunizou ou as pessoas para as quais a vacina não foi totalmente efetiva. Com isso, a tendência é que consigamos a eliminação de doenças. Foi exatamente desta forma que a varíola foi erradicada do mundo, e a rubéola e a poliomielite eliminadas no Brasil”, explica.
Esses e outros fatores fizeram com que a vacinação fosse considerada pela OMS como a mais importante ação de saúde pública para a humanidade. Somada ao saneamento básico, estima-se que, no último século, foi responsável pelo aumento da expectativa de vida em cerca de 30 anos.
O médico explica que as vacinas são totalmente seguras. “Uma vacina, para ser lançada, passa por várias etapas, pesquisas e rigorosos processos de avaliação e controle para, só depois, ser disponibilizada para a população”, ressalta.