O futebol masculino do Corinthians foi condenado nesta quarta (14) a perder um mando de jogo no atual campeonato brasileiro como punição por cânticos homofóbicos entoados por sua torcida durante partida contra o São Paulo, no dia 14 de maio.
A decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol (STJD) significa que o time paulistano deve jogar sem torcida, com os portões fechados. Antes que a pena seja aplicada, a defesa corintiana ainda pode apresentar recurso perante o tribunal.
O jogo em questão terminou empatado em 1 x 1, e havia o risco de o Corinthians perder o ponto conquistado de acordo com as novas regras da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para combater a homofobia.
Os advogados corintianos alegam que o clube fez o possível para conter sua torcida, com mensagens divulgadas nos telões da arena enquanto a partida foi paralisada, a partir dos 17 minutos do segundo tempo após cantos de “Vamos, vamos Corinthians! Dessas bichas teremos que ganhar” ecoarem na Arena Neoquímica em Itaquera.
Os próximos jogos do Corinthians em casa são contra o Red Bull Bragantino (2/7) e Grêmio (15/7).
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A punição foi considerada um marco porque a justiça esportiva costuma aplicar penas brandas em casos como este. A homofobia em jogos contra o São Paulo em especial, é comum há anos. O apelido homofóbico “bambi” para o tricolor paulista foi popularizado pelo ídolo corintiano Vampeta no início dos anos 2.000 e foi adotado por várias torcidas.
Levantamento divulgado recentemente pelo coletivo Canarinhos LGBTQ, articulação entre torcidas LGBTQIAP+ de diferentes clubes brasileiros, mostrou aumento de 76% nos episódios de discriminação por orientação sexual no futebol brasileiro entre 2021 e 2022.
A medida foi comemorada entre torcedores progressistas do clube. O jornalista Juca Kfouri escreveu “que o corintiano civilizado passe a impedir que o bronco repita o coro bárbaro e impeça que o time seja prejudicado. E que a miserável direção alvinegra seja menos demagógica e mais assertiva contra preconceitos”.
Recentemente, a imagem do Corinthians de clube democrático e defensor de minorias vem sendo prejudicada por uma série de episódios.
No ano passado, o jogador Edenilson, então no Internacional de Porto Alegre, acusou o corinthiano Rafael Ramos de racismo durante partida entre as duas equipes. Na ocasião, o atleta do time paulista chegou a ser preso em flagrante e liberado após pagamento de fiança de R$ 10 mil.
Em abril, o anúncio de que o novo técnico do time seria Cuca – que havia sido condenado por estupro de menor de idade na Suíça, nos anos 1980, mas nunca cumpriu a pena – gerou enorme pressão negativa, obrigando o treinador a desistir do cargo.
A contratação de Cuca levou muita gente a questionar um dos slogans usados pelo Corinthians, “respeita as mina”, inclusive por integrantes do próprio time feminino corintiano. Como represália, no entanto, ocorreu um movimento vindo de parte da própria torcida masculina do time que, revoltada com a força demonstrada pelas jogadoras, defendeu boicote à equipe.