A defesa do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, rejeitou categoricamente a ideia de seu cliente firmar um acordo de delação premiada com a Justiça. No entanto, segundo o advogado Eumar Novacki, Torres está completamente disposto a colaborar ativamente com as investigações relacionadas aos atos golpistas ocorridos em 8 de janeiro.
Durante uma coletiva de imprensa convocada pela defesa, realizada cerca de 12 horas após a libertação de Torres, o advogado Novacki afirmou: “Não existe a possibilidade de delação. O que Anderson fará é cooperar para que os fatos que levaram a esses odiosos atos de 8 de janeiro sejam esclarecidos o mais rápido possível.”
O ex-ministro, que também ocupou o cargo de secretário de Justiça e Segurança Pública do Distrito Federal, foi detido preventivamente em 14 de janeiro por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. A prisão ocorreu devido a suspeitas de omissão durante a apuração dos atos ocorridos em janeiro. No dia 11 de maio, Moraes autorizou a libertação de Torres mediante a imposição de várias medidas cautelares, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica e a entrega de seus passaportes.
Novacki elogiou a atuação do STF e do ministro Alexandre de Moraes, ressaltando que a Corte tomou as medidas necessárias para conter a “escalada da violência”. Segundo o advogado, o STF demonstrou sensibilidade aos argumentos da defesa, que alegou que a manutenção da prisão de Torres já não era justificada.
“Reafirmo nosso respeito ao Supremo Tribunal Federal. Confiamos e acreditamos na Justiça”, acrescentou o advogado. “O que buscamos foi que, dentro das garantias constitucionais, ele pudesse responder ao processo em liberdade. E o ministro relator [Alexandre de Moraes] teve esta sensibilidade e, acertadamente, permitiu que ele fosse para casa”, disse Novacki. O advogado também mencionou que, durante o período em que Torres esteve preso, sua saúde se deteriorou, exigindo acompanhamento psiquiátrico e medicação.
“Contamos com que ele tenha, o mais rápido possível, um reequelíbrio psicológico. Uma vez na sua casa, ele terá condições de recuperar seu equilíbrio psíquico e ajudar a defesa, mantendo o espírito de ajudar no esclarecimento célere desses odiosos atos do dia 8 de janeiro”, disse o defensor, classificando como “uma mancha na História do Brasil” as cenas de vândalos e golpistas invadindo e depredando o interior do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do STF.