Juciara da Conceição Raimundo, ex-servidora da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, foi indicada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) como uma figura importante no suposto esquema de rachadinha no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos). Hoje, ela leva uma vida humilde e obtém sua principal renda através da venda de marmitas.
Segundo o MP-RJ, Juciara teria realizado 219 transferências, totalizando R$ 647 mil, para o chefe de gabinete de Carlos Bolsonaro, Jorge Luiz Fernandes. Atualmente, ela é proprietária da Jucilegal, uma empresa de fornecimento de marmitas, registrada em setembro de 2021.
Apesar do bom salário na Câmara Municipal e da alta movimentação financeira em sua conta, Juciara vivia em uma casa modesta em Cordovil até 2021. De acordo com informações do jornal O Globo, ela acumula dívidas de R$ 15,4 mil.
Juciara é a segunda ex-funcionária que mais fez transferências para o chefe de gabinete Jorge Luiz Fernandes, ficando atrás apenas de sua esposa, Regina Célia Sobral Fernandes. No total, o chefe de gabinete de Carlos Bolsonaro recebeu R$ 2,014 milhões em créditos provenientes das contas de servidores nomeados por ele, segundo o MP.
As movimentações financeiras obtidas pela 3ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada indicam prática criminosa e fazem parte das investigações que apuram suspeita de rachadinha no gabinete de Carlos Bolsonaro na Câmara Municipal. A investigação também examina se o vereador se beneficiou do esquema de corrupção, a partir do desvio de salário dos servidores do gabinete.
Investigação
A investigação do MP-RJ sobre a prática de rachadinha foi iniciada com base em uma reportagem publicada pela revista Época, em junho de 2019, que revelou que sete parentes de Ana Cristina Valle, ex-esposa do ex-presidente Bolsonaro e madrasta do vereador, foram empregados no gabinete de Carlos Bolsonaro, mas não compareciam ao trabalho.
A investigação do MP-RJ também aponta outros funcionários que teriam realizado transferências para o chefe de gabinete de Carlos Bolsonaro, Jorge Luiz Fernandes. Entre 2009 e 2018, os seguintes servidores teriam realizado transferências:
- Andrea Cristina da Cruz Martins (R$ 101 mil, em 11 lançamentos)
- Regina Célia Sobral Fernandes (R$ 814 mil, 304 lançamentos)
- Alexander Florindo Batista Júnior (R$ 212 mil, em 53 lançamentos)
- Thiago Medeiros da Silva (R$ 52 mil, em 18 lançamentos)
- Norma Rosa Fernandes Freitas (R$ 185 mil, em 83 lançamentos).