Intercepções feitas pela Polícia Federal apontam para um possível esquema de pagamento em dinheiro de despesas pessoais de Michelle Bolsonaro. As conversas envolvem o tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, e algumas assessoras da ex-primeira-dama. Mauro Cid, que foi preso em 3 de maio sob suspeita de fraudar certificados de vacina da Covid-19, teria orientado a equipe a evitar registros e transferências rastreáveis, sugerindo possíveis desvios de fundos públicos.
A investigação também descobriu que Michelle usava um cartão de crédito vinculado à conta de uma amiga e ex-assessora parlamentar, Rosimary Cardoso Cordeiro. Em um aparente esforço para mascarar a origem dos fundos, depósitos em dinheiro vivo eram feitos na conta de Rosimary para cobrir as despesas do cartão.
Duas assessoras de Michelle, Cintia Borba Nogueira e Giselle dos Santos Carneiro da Silva, expressaram preocupação sobre essas práticas em suas conversas com Mauro Cid. As mensagens revelam um temor de que os pagamentos irregulares fossem interpretados como um esquema de “rachadinha”, algo que o filho do presidente, Flávio Bolsonaro, já foi acusado.
Além disso, um rastro de transferências originárias de uma empresa com contratos governamentais durante a administração de Jair Bolsonaro aponta para o segundo-sargento Luis Marcos dos Reis, da Ajudância de Ordens da Presidência da República. Reis teria feito saques em dinheiro para pagar as despesas do cartão de crédito usado por Michelle Bolsonaro e depositado dinheiro na conta de uma tia da primeira-dama.
De acordo com as investigações, esses pagamentos podem ter ocorrido até pelo menos julho de 2022. Tanto Jair quanto Michelle Bolsonaro negam veementemente as acusações.