Usuários do transporte público de Araçatuba organizaram um abaixo-assinado contra a TUA (Transportes Urbanos Araçatuba). Eles reclamam da superlotação dos ônibus e pedem a ampliação dos horários das linhas nos dias úteis e também aos domingos e feriados.
O abaixo-assinado reuniu, até agora, cerca de 200 assinaturas, e será encaminhado à empresa e também à Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana, órgão responsável pela fiscalização do transporte público na cidade.
No documento, os usuários relatam que vem sofrendo há bastante tempo com os horários reduzidos, problema que intensificou-se com a pandemia, quando houve uma redução ainda maior nos horários.
Com a reabertura do comércio e o retorno presencial às aulas e demais atividades, o fluxo de passageiros aumentou consideravelmente, sem que os horários fossem revistos, afirmam os usuários.
“Desta forma, os moradores solicitam que todas as linhas voltem a operar com os horários anteriores à pandemia ou que passe por uma análise de ampliação para atender às demandas da comunidade”, diz um trecho do abaixo-assinado.
A auxiliar de enfermagem Neusa Cardoso de Lima, 54 anos, que trabalha como cuidadora, afirma que os ônibus estão constantemente lotados e disse já ter visto idosos “espremidos” nas portas, por causa da superlotação.
“Muitos moradores não estão tendo acesso ao transporte público, principalmente os estudantes, porque o coletivo vem sempre abarrotado de gente”, disse ela, que usa o transporte público todos os dias para trabalhar. “Desde que houve a reabertura, com a redução da pandemia, o serviço não voltou ao normal”, completou.
A cuidadora reclama, ainda, do transporte aos domingos. “No domingo, tem horário da manhã, depois param para almoçar e não tem outro motorista para ficar neste período. A gente entende que eles têm que almoçar, mas precisam colocar mais motoristas. Tem muita gente que trabalha no domingo e no feriado e não tem como voltar para casa”, disse.
Ela afirma que chamar um motorista de aplicativo ou moto-táxi fica muito caro pra quem ganha um salário-mínimo ou pouco mais do que isso. “É fora de cogitação”, afirmou.
Lotação e Correria
A enfermeira Luciana Ferreira, que trabalha na Santa Casa de Araçatuba, também reclama dos ônibus lotados. Ela pega o coletivo perto do hospital e todos vêm lotados dos bairros Hilda Mandarino e Água Branca.
“Vai muita em gente em pé, gente na porta, vai muito lotado. Seria mais fácil se colocassem mais um ônibus no primeiro horário, que é de pico, porque todo mundo sai para trabalhar ou, como no meu caso, que estou saindo do trabalho de manhãzinha”, afirmou.
Ela também se queixa que, muitas vezes, o ônibus chega atrasado no terminal e o motorista do outro veículo, muitas vezes, não espera os passageiros embarcarem. “Tem que sair correndo para conseguir pegar, eu ainda tenho agilidade para correr, mas uma pessoa idosa ou gestante, não tem”. Ela disse, que recentemente, teve que pegar outra linha, porque o ônibus em que embarcaria a deixou para trás.
Requerimento
Na última sessão da Câmara, na segunda-feira (8), os vereadores Arnaldinho (Cidadania) e Wesley da Dialogue (Podemos) conseguiram aprovar um requerimento com questionamentos sobre a falta de transporte público nos bairros Manoel Pires e Chácaras Arco-Íris.
Segundo eles, os nomes desses bairros sequer aparecem nos itinerários descritos no site da TUA (Transportes Urbanos Araçatuba), empresa concessionária responsável pela prestação do serviço.
“Os moradores desses bairros, já há alguns anos, estão sem acesso ao transporte. São trabalhadores, estudantes, consumidores, que precisam ter esse direito garantido, pois hoje têm que ir muitas vezes a um local distante para conseguir pegar um ônibus”, relatou Wesley. “Eu estava bastante feliz com o transporte urbano de Araçatuba. Mas, para a minha surpresa, na semana passada, eu recebi essas reclamações e tomei a decisão de fazer o requerimento”, completou Arnaldinho.
Outro Lado
A TUA não respondeu aos questionamentos da reportagem. A empresa já recebeu quase R$ 1 milhão de subsídio da Prefeitura, no ano passado, além de seis parcelas de R$ 721,378,14, totalizando R$ 4.328.268,84, recursos do Ministério do Desenvolvimento Regional, para auxiliar no custeio da gratuidade das pessoas idosas no transporte público coletivo urbano, conforme prevê a Emenda Constitucional 123, de 14 de julho de 2022.
Com este último aporte, segundo a Prefeitura, foi possível que a empresa retornasse os serviços de transporte público nos finais de semanas e feriados.
Estudo
Em nota, a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana disse que Araçatuba, assim como diversas cidades do país, está buscando alternativas para atender a população da melhor forma possível, no que se refere ao Transporte Público.
“Diante das dificuldades que envolvem o tema, a Secretaria de Mobilidade contratou um estudo para fazer um diagnóstico da atual situação do transporte coletivo urbano de passageiros no município, condições das linhas e horários, bem como de verificar possível desequilíbrio econômico financeiro no contrato de concessão”, informou a pasta.
O estudo está em sua fase final. “Com base nessas informações, o município terá condições de avaliar quais medidas podem ser tomadas para melhor atendimento da população”.
Quanto ao abaixo-assinado, a Secretaria de Mobilidade Urbana informou que não tinha conhecimento.