Direita e Esquerda é uma obra de Norberto Bobbio, em que o autor explica cientificamente as razões e significados da política no mundo. Um dos principais questionamentos de Bobbio é se ainda existe direita e esquerda no mundo. A política, como o futebol, é assunto controvertido. A polarização na política predomina no Brasil e em outros países, como nos Estados Unidos da América. A política é importante, evidentemente, merecendo estudo e reflexão, porque é através dela que são definidos os interesses, os valores e os rumos de uma sociedade.
O ideal sobre a igualdade é o “calcanhar de Aquiles” entre a esquerda e a direita. A análise de Bobbio é sobre o que é a igualdade para a direita e para a esquerda, bem como quais são seus critérios. O autor explica que: “… além do tema tradicional da igualdade, seria necessário, para redefinir a díade, incluir outros critérios como os da autonomia e da identidade das pessoas, do pluralismo das culturas e dos pertencimentos, da radical contextualidade dos valores morais …”.
A doutrina socialista de Marx, obviamente, está ultrapassada. Parece simplista, também, classificar que a regra da esquerda é a inclusão e a regra da direita é a exclusão, até porque existem governos de esquerda que adotam políticas públicas de direita e governos de direita, que adotam políticas públicas de esquerda. Simplista, também, seria definir o político de direita como aquele que mantém tradição e o de esquerda, o contrário. Para isso, teríamos que definir no que consiste tradição, conservadorismo, liberalismo e socialismo. Marx tinha a ideia distópica de “uma igualdade de todos em tudo” (igualitarismo, que deu origem à utopia de Thomas Morus).
Cediço que movimentos ou política no sentido igualitário são bem-vindos, pois tendem a reduzir as desigualdades sociais no mundo. Lembremos que tivemos movimentos autoritários e igualitários de extrema-esquerda, como o jacobinismo, como também movimentos autoritários e anti- igualitários de extrema-direita, como o fascismo e o nazismo. Tudo aquilo que extrapola o razoável, não é bom.
O Papa Francisco, numa entrevista a Domenico Agasso, indagado sobre a razão de o rotularem de “comunista”, respondeu, com uma frase de Dom Helder Câmara (arcebispo brasileiro): “Quando dou comida aos pobres, me chamam de santo. Quando pergunto por que eles são pobres, me chamam de comunista”. Enfim, com razão Bobbio, sobre a polêmica esquerda e direita, quando afirma: a árvore da ideologia está sempre verde.
*Adelmo Pinho é promotor de justiça em Araçatuba e articulista do RP10