Conversava outro dia com o amigo, Milson Laluce, durante um café, sobre a importância de uma vida simples. No bom bate- papo, lembramos que na época dos nossos avós e bisavós, o modo de viver era simples, ainda que também difícil sob alguns aspectos, pela ausência de energia elétrica, Tv, telefone, etc. Foi boa a companhia e a conversa, como também inspiradora. A transformação social, política e econômica, o avanço científico e tecnológico, trouxe ao homem ônus e bônus. Cabe-nos a busca de equilíbrio entre o simples e o sofisticado. O mundo hodierno é predominantemente consumista; bens de toda a natureza estão a disposição para o consumo. A tentação é grande.
Veículos com tecnologia de ponta, roupas de grife, viagens caras … O “céu é o limite”. O desejo nunca se satisfaz. O celular (linha de telefonia móvel) tornou-se tão necessário e íntimo quanto o oxigênio, equiparando-se a um ente familiar, estando conosco em todos os lugares, nos momentos bons e ruins, como um cônjuge. O uso indiscriminado desse aparelho e de outros similares, mormente por jovens, causa preocupação e vem gerando doenças da mente e da visão. Já dizia meu avô: “tudo o que é demais, sobra”.
Estamos numa época diferente desses nossos ancestrais, mas uma vida somente de culto ao sofisticado ou de luxo perde a sua beleza, porque se afasta do simples ou do natural. Não se trata de pregar o carrancismo ou de renegar o conforto. O viver de forma simples é uma opção pessoal, um modo de olhar ou de encarar a vida, não estando relacionado necessariamente a ser rico ou pobre. Existem pessoas abastadas, simples, que adotam este estilo de vida, enquanto muitas outras não ricas fazem questão de aparentar sê-lo, para viver de forma sofisticada. Há quem compromete o futuro, amealhando dívida. Ser é mais importante do que ter. Mas, cada um, cada um …
O modo de viver de nossos avós e bisavós não volta, mas serve de referência para muitas coisas boas que podem ser aplicadas no cotidiano, como: a roda de conversa; o sentar à mesa para a refeição; as brincadeiras simples; a comida do fogão de lenha da avó; o olhar nos olhos; o falar com sinceridade; o respeito; o contato com a natureza … Quem não gosta? A transformação da sociedade para o caminho do progresso é importante e cabe ao homem optar como quer viver no seu habitat. Mas, a felicidade e o belo costumam ter relação estreita com aquilo que é simples.
*Adelmo Pinho é promotor de justiça em Araçatuba e articulista do RP10
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