Na madrugada de segunda-feira, 6, noite de domingo no Brasil, Turquia e Síria foram abaladas por fortes tremores que deixaram mais de 3.000 mortos e cerca de 13 mil feridos, segundo os últimos dados divulgados pelo governo dos países. Dois tremores foram registrados, um às 4h17 (22h17 de domingo, no horário de Brasília) e outro, de magnitude 7,5, às 13h24 (7h24 no horário de Brasília), de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês).
Também houve cerca de 50 tremores secundários, de acordo com Ancara. O epicentro foi localizado no distrito de Pazarcik, na província de Kahramanmaras, no sudeste da Turquia, a cerca de 60 km da fronteira com a Síria. Por questões de segurança, o gás foi cortado em toda a região para evitar explosões. Líderes mundiais, incluindo o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), se solidarizaram com o ocorrido e mandaram mensagem de apoio. Vários organismos e países também ofereceram ajuda à Turquia e à Síria.
De acordo com a Jovem Pan, o abalo sísmico levou ao chão cerca de 3.000 prédios – vídeos compartilhados nas redes sociais mostram o momento que alguns edifícios desabam. Pelo fato dos tremores terem acontecido de madrugada, o número de mortos pode ser ainda maior do que os que foram divulgados, pois no horário do terremoto a maioria das pessoas estava dormindo em suas casas.
O intenso inverno que atinge a região coloca os sobreviventes em risco, pois eles ficam expostos a temperaturas quase congelantes. Nesta segunda, por exemplo, os termômetros variaram entre 3 e 9ºC, com chuva. A previsão para a terça é que varie entre -3ºC e 9ºC. Já na Turquia, a segunda teve máxima de 4ºC e mínima de 1ºC. Mas na terça a mínima pode chegar a -1ºC, com máxima de 4ºC e pancadas de neve.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, autorizou ajuda imediata para os turcos. “Instruí minha equipe a continuar monitorando de perto a situação em coordenação com a Turquia e fornecer toda e qualquer assistência necessária”, escreveu o chefe de Estado, acrescentando que a ajuda para Síria será realizada por meio de organizações humanitárias.
A União Europeia enviou equipes de resgate para a Turquia e ativou seu sistema de satélites Copérnico para fornecer serviços de mapeamento de emergência e disse estar pronta para ajudar os afetados na Síria. A Espanha enviou dois aviões com um total de 85 socorristas, para ajudar na busca por sobreviventes e se comprometeram em enviar drones.
A Rússia informou que mais de 300 militares russos estacionados na Síria estão ajudando a remover os escombros e que 300 soldados e 60 veículos para “retirar os escombros, buscar vítimas e prestar assistência médica nas áreas que sofreram maior destruição” estão sendo mobilizados. O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, expressou sua “total solidariedade” com a aliada Turquia e disse estar em contato com as autoridades turcas. Acnur, Alemanha, Venezuela, Índia, Ucrânia, Grécia, Reino Unido, França e Irã, também se comprometeram em mandar ajuda para os países.
Este foi o maior terremoto na Turquia desde 17 de agosto de 1999, que causou 17 mil mortes, sendo mil delas em Istambul, e o mais forte em 84 anos na história recente do país. “É o segundo mais forte, desde o terremoto de Erzincan, de 1939. Segundo as últimas avaliações, é de 7,7 (graus na escala Richter). Há graves danos também nas áreas vizinhas da Síria”, afirmou o presidente turco Recep Tayyip Erdogan. Uma combinação de fatores explica as razões que fizeram do terremoto de hoje o mais forte em 84 anos.
A localização, a hora em que ocorreu, os antecedentes e as medidas de segurança pouco rigorosas para as construções ajudam a explicar o alto número de mortes. As vítimas, em sua maioria, “ficaram bloqueadas quando suas casas desabaram”, explicou Roger Musson, investigador do Serviço Geológico britânico. Os métodos de construção “não eram realmente adequados para uma área propensa a grandes terremotos”, explicou o especialista. A falha geológica onde ocorreu o tremor esteve relativamente calma nos últimos tempos. A Turquia é uma das zonas sísmicas mais ativas do mundo.