O Ministério da Agricultura está aguardando resultados de exames laboratoriais para confirmação de um possível caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), conhecido como “mal da vaca louca”. O animal potencialmente infectado vivia no estado do Pará.
A Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) afirmou que, tão logo o caso suspeito foi notificado, agentes coletaram o material biológico para análises clínicas.
“Houve uma notificação de animal com sintomatologia de doença nervosa, na região sudeste [do estado do Pará]. De imediato, fiscais agropecuários seguiram protocolo sanitário, coletando material biológico e encaminhando-o para análise, no Laboratório Federal de Defesa Agropecuária. Todas as medidas sanitárias preconizadas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) estão sendo adotadas”, informou o órgão em comunicado.
O material recolhido para análise foi enviado a dois laboratórios, um no Brasil (em Pernambuco) e outro no Canadá. Não foi divulgado prazo para a confirmação ou não da doença no caso.
“Acerca do caso suspeito de Encefalopatia Espongiforme Bovina (Mal da ‘vaca louca’), todas as medidas estão sendo adotadas pelos governos. A suspeita já foi submetida a análise laboratorial para a confirmação ou não e, a partir do resultado, serão aplicadas imediatamente as ações cabíveis”, complementou o Ministério da Agricultura e Pecuária em nota.
Os órgãos públicos não deram detalhes sobre o caso. Segundo o jornal Valor Econômico, o animal com suspeita da doença era idoso e criado em um pasto. A suspeita é de caso atípico, ou seja, quando a doença acontece de maneira espontânea, causada pelo próprio organismo do animal, sem influência de agentes externos (e com menor chance de transmissão). Os casos clássicos são causados por ingestão de ração contaminada.
O Brasil não tem registros de “vaca louca” desde 2021, quando houve confirmações de casos em Minas Gerais e Mato Grosso. Os casos, na época, também foram atípicos. Ainda assim, a China, país que mais importa carne do Brasil, suspendeu a compra entre setembro e dezembro daquele ano.
A doença
A EEB ficou conhecida internacionalmente como “mal da vaca louca” por causa dos principais sintomas, que incluem comportamento alterado. Os animais infectados têm o sistema nervoso infectado por um agente infeccioso formado de proteína, chamado príon. O período de incubação da doença pode ser longo, com cerca de cinco anos até o aparecimento de sintomas, o que aumenta a chance de disseminação.
Os príons em reprodução causam lesões que deixam o tecido cerebral cheio de furos, quando visto em análise microscópica (daí vem o termo “espongiforme”, presente no nome técnico da doença).
Pessoas que consomem carne de animais contaminados podem ser acometidas de uma variante da Doença de Creutzfeldt–Jakob (vDCJ), que é uma doença neurodegenerativa. A maioria dos casos já confirmados da enfermidade na história aconteceu no Reino Unido. No Brasil, a doença jamais foi registrada.