No Brasil, o câncer de mama é a neoplasia mais frequente entre as mulheres, além de ser a principal causa de morte por câncer. Segundo pesquisa do INCA – Instituto Nacional de Câncer, para o ano de 2023 foram estimados 73.610 novos casos no Brasil, o que representa uma taxa ajustada de incidência de 41,89 casos a cada 100.000 mulheres.
A incidência é rara em mulheres jovens, sendo mais comum a partir dos 50 anos. A taxa de mortalidade por câncer de mama no Mundo, por exemplo, foi de 11,84 óbitos a cada 100.000 mulheres, em 2020, de acordo com o Instituto.
Diante deste cenário, medidas de prevenção, rastreamento e detecção precoce do câncer de mama são de extrema importância, pois o diagnóstico precoce facilita o tratamento e as chances de cura amplificam.
O câncer de mama
O câncer de mama é uma doença resultante da multiplicação de células anormais da mama, que forma um tumor capaz de invadir outros órgãos. Há vários tipos e alguns podem se desenvolver rapidamente. A maioria dos casos tem boa resposta ao tratamento, principalmente quando diagnosticado e tratado desde o início.
A principal causa da doença é idiopática, mas existem fatores que contribuem para o seu desenvolvimento, como o estilo de vida e as características individuais da pessoa. Entretanto, uma parcela dos casos pode ter origem genética familiar, principalmente envolvendo os genes BRCA-1 e BRCA-2.
Evidências científicas demonstram que o rastreamento do câncer de mama através da realização periódica da mamografia reduz a mortalidade da doença (INCA, 2022). “Infelizmente, o autoexame das mamas não apresentou impacto na mortalidade feminina pela doença e acabou não sendo mais recomendado. Apesar disso, a mulher deve ser encorajada a conhecer o próprio corpo e procurar atendimento caso note qualquer sintoma ou modificação nas mamas”, afirma a Dra. Carla Maria Franco Dias, Ginecologista e Obstetra, e docente do IDOMED.
Os principais sinais e sintomas suspeitos de câncer de mama são: caroço (nódulo), geralmente endurecido, fixo e indolor; pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja; alterações no bico do peito (mamilo) e saída espontânea de líquido de um dos mamilos. Também podem aparecer pequenos nódulos no pescoço ou na região embaixo dos braços (axilas).
A mamografia
A mamografia é um exame radiológico das mamas, capaz de detectar nódulos, cistos, microcalcificações e assimetrias mamárias, mesmo em mulheres assintomáticas. O exame está disponível no Sistema Único de Saúde – SUS.
A recomendação do Ministério da Saúde – assim como a da Organização Mundial da Saúde – é a realização da mamografia de rastreamento (quando não há sinais nem sintomas) em mulheres com idade entre 50 e 69 anos, anualmente ou a cada dois anos, como forma de identificar o câncer antes do surgimento de sintomas. Mulheres identificadas como de alto risco para o câncer de mama podem iniciar o rastreamento mais precocemente, dependendo do fator de risco associado.
A médica explica que pacientes de qualquer faixa etária, sintomáticas ou com suspeita de alterações mamárias ao exame físico, podem realizar o exame na rede pública. Segundo o INCA, um exame de mamografia de alta qualidade tem precisão diagnóstica em cerca de 90% dos casos, possibilitando a detecção de um tumor de pequeno tamanho e/ou baixa densidade até dois anos antes de atingir a área de linfonodos.
A detecção precoce e o tratamento adequado do câncer de mama possibilitam alta chance de cura e sobrevida em relação à doença. “Quando há alterações na mamografia, podem ser necessários exames complementares como a ultrassonografia e a ressonância magnética das mamas. Na suspeita de câncer, é importante o atendimento especializado pelo mastologista, a fim de realizar biópsia da lesão mamária para confirmação da doença, geralmente através da punção por agulha grossa (core biopsy ou mamotomia) ou por remoção cirúrgica incisional ou excisional”, explica a Dra. Carla Dias.
Importância do autocuidado
Com a grande incidência de câncer de mama no Brasil e do impacto que o diagnóstico e o tratamento acarretam na vida da mulher, é fundamental o suporte psicológico à paciente e aos familiares nesse momento.
No entanto, a psicóloga e docente do curso de Psicologia da UniToledo Wyden, Dra. Vivian de Jesus Correia e Silva, faz um alerta para hábitos simples de autocuidado que muitas vezes são esquecidos, mas são importantes para a prevenção do câncer de mama e para um diagnóstico precoce, o que reduz os riscos da doença e aumenta as chances de cura.
“Culturalmente a mulher é colocada num lugar de cuidadora, daquela que deve olhar e zelar pelos outros, mantendo-os confortáveis e satisfeitos. São muito estimuladas a agradar fazendo atividades de cuidados, mas sempre voltadas aos outros. Até o autocuidado, como mudar o cabelo, fazer as unhas e se maquiar pode ser entendido como um dever de ficar bonita para ser aceita em sociedade. Mais uma vez o foco é o que os outros esperam delas, ou seja, o desejo do outro passa a ser prioridade, não o delas. Por isso, ainda tem muita mulher com dificuldade de se tocar, de olhar o próprio corpo, de se apreciar, de perceber as mudanças e procurar ajuda quando necessário”, explica.