Nesta segunda-feira a Deic de Araçatuba encerrou as investigações relacionadas ao flagrante do dia 14 de janeiro onde um casal foi morto a pauladas, em um crime encomendado pelo filho de uma das vítimas. Durante as investigações a Polícia descobriu que desde fevereiro do ano passado Daniel Cantarani, 36 anos, tentava ceifar a vida da mãe e padrasto e já havia encomendado o duplo homicídio por duas vezes em menos de um ano.
O delegado José Abonízio, da Deic (Divisão especializada em Investigações Criminais), reuniu a imprensa nesta terça-feira (24) em entrevista coletiva para falar sobre o fim do inquérito, e revelou fatos impressionantes sobre o caso, como duas tentativas anteriores de encomendar a morte da mãe e do padrasto. Para a polícia, o crime teve motivações financeiras.
Ao analisar o telefone celular de Daniel, a polícia descobriu que a primeira tentativa de matar o casal foi por meio de trabalhos espirituais, encomendado a uma pessoal com que ele se envolveu. Em um dos rituais, segundo o delegado, ele teria ficado nú em um cemitério da cidade.
Sem obter o resultado esperado, Daniel então contratou dois homens, um de Birigui e outro de Guararapes, para matar a mãe o padrasto. O valor acertado foi de R$ 40 mil, e ele pagou, via pix, um adiantamento de R$ 15 mil. No entanto, os contratados teriam desistido de cometer o crime e ficaram com o dinheiro recebido.
A equipe de investigação identificou e localizou os dois homens. Em depoimento à polícia eles confessaram que receberam o dinheiro de Daniel para executar o casal, mas não cumpriram o combinado, e depois ainda foram cobrados para a realização do serviço.
Já na terceira tentativa Daniel convenceu o ex-namorado e atual amigo, Renato Balbino Souza, 37 anos e Helenice Nascimento Alves, 40, de cometer o crime, com a promessa de recompensar os dois com pagamento que poderia variar de R$ 200 mil a R$ 400 mil.
Renato cometeu os crimes, e recebeu R$ 700, e Helenice é apontada como mentora intelectual e também teria fornecido medicamentos para dopar o casal. Daniel ainda pediu que os cadáveres fossem queimados após o assassinato. Renato chegou a comprar gasolina, cujo galão foi encontrado em frente à residência onde o casal foi assassinado.
Agora a polícia tenta descobrir se havia algum seguro ou qual seria a origem do dinheiro prometido pelo filho aos comparsas. O padrasto de Daniel tinha um seguro que estava inativo, mas o valor da apólice era de R$ 36 mil.
O assassinato
Magali Cantarani Poletti, 62 anos, foi encontrada morta caída na garagem de sua casa, na rua José Xavier Couto, no Jardim TV, na madrugada de sábado (14). O corpo de marido dela, Lourival Aparecido Poletti, 62, estava no porta-malas do carro da família. Eles foram mortos a pauladas e tiveram múltiplas fraturas no crânio.
O crime, cometido com requinte de crueldade, chocou a cidade pela violência empregada. Os dois envolvidos chegaram na casa e passaram a agredir as duas vítimas violentamente com pedaços de madeira. Eles, surpreendidos cada um em um cômodo, não tiveram tempo de reação.
Após matar o casal, os assassinos passaram a remover os corpos para o carro de Lourival, que estava na garagem. Ele foi colocado no porta-malas e a mulher foi deixada ao lado do veículo.
Segundo a polícia, os autores pretendiam colocar o corpo da mulher no automóvel e seguir, possivelmente, para a zona rural em local bem afastado. A polícia encontrou um galão com gasolina na garagem. A suspeita é que eles usariam o combustível para atear fogo no veículo com os corpos dentro.
No entando, antes do desfecho planejado, os autores desistiram de colocar o corpo da mulher no veículo, possivelmente, devido ao sobrepeso. A polícia acredita que, já esgotados, os autores tenham partido para o plano B, que era o de simular uma situação de latrocínio (roubo seguido de morte). Para tanto, os autores reviraram a casa para parecer que a mesma havia sido invadida por ladrões. Em seguida, deixaram o local e se separaram para tentar conseguir um álibi.