Em menos de um ano, o produtor rural Fernando Eduardo Menani, de Piacatu (SP), viu as suas 17 vacas, que no início de 2022 produziam 106 litros de leite ao dia, passarem a 315 litros no mesmo período. Nesse meio tempo, entre fevereiro e novembro do ano passado, ele participou do programa Bovinocultura Leiteira (Pró-Leite) promovido pelo SIRAN, em parceria com o Senar-SP (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), com o apoio da Casa da Agricultura e da Prefeitura Municipal.
Atualmente, na Estância Recanto Verde, apenas 2,5 hectares (ha) são utilizados na atividade, sendo que anteriormente 8 ha eram usados na produção dos 106 litros de leite. Na nova formatação 1,2 ha é ocupado por cana-de-açúcar, 1 ha, por pastagem, e 0,3 ha pelo curral e uma área de descanso para 20 vacas de Menani, sendo três ainda bezerras. Ou seja, em 1/3 da área original a produção hoje é três vezes maior.
Rapidamente, o produtor aprendeu que o caminho era viabilizar a pastagem. Ele passou a monitorar o solo por meio de análises e a fazer correções com abusos químicos e orgânicos. Essas ações, associadas à irrigação, aumentaram a produtividade de capim, cuja variedade também foi alterada, de braquiária para mombaça. Assim, as vacas passaram a ter comida à vontade e de qualidade.
“Não fosse o Pró-Leite, eu acho que eu teria até parado com a atividade, porque não estava compensando”, confessa o animado e sorridente produtor.
O zootecnista e instrutor Ademir Pereira Martins Junior explica que, embora a área de pastagem da estância de Menani seja pequena, a alimentação do rebanho é complementada com briquetes, pequenos blocos densos e compactos com nutrientes. “Assim, com conhecimento, gestão e operação adequada da atividade, o Fernando pode chegar a 100 mil litros de leite ao ano. O exemplo dele mostra que o pequeno produtor de leite pode levar uma vida digna”, comenta o instrutor.
Pró-Leite
No Estado de São Paulo, o Pró-Leite existe há 15 anos e vem mudando a realidade de pequenos e médios produtores do Estado. “O programa visa exatamente isso, viabilizar o produtor, mostrando que, com pastagem e cana existe rentabilidade em propriedades leiteiras”, afirma Martins Júnior. Em Piacatu, 12 alunos participaram do Pró-Leite em 2022, incluindo Elaine Cristina Jorge Rodrigues, Maria Leandra da Silva e Lindaura Mateus Murgo. As três afirmam que o conhecimento adquirido faz toda a diferença na gestão e operação da atividade leiteira.
De acordo com o zootecnista responsável pela parceria SIRAN e Senar-SP, Carlos Belluzzo, o Pró-Leite tem 11 módulos, vai de fevereiro até novembro, com seis horas/aula por dia de atividade. São de quatro a seis dias de aulas por mês, de acordo com o tema, sendo que a primeira ação é um estudo para encontrar os pontos fortes das propriedades e vocações dos produtores. Analisada a situação, na sequência, vem a parte prática pensando em menor demanda de investimento e resultados mais rápidos, sempre tendo como base o gerenciamento do rebanho, a nutrição com pastagem e cana-de-açúcar, e a rentabilidade.
“Neste ano, contaremos com duas edições do Pró-Leite em Araçatuba. E como o Fernando Menani colocou o sarrafo lá em cima, esperamos alcançar resultados semelhantes ao dele”, conclui Belluzzo.