Segundo especialistas, a leitura exercita a memória, estimula a criatividade e contribui com a evolução do vocabulário. Em 2018, o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), apontou que o Brasil tem baixa proficiência em leitura, se comparado com 78 países que participaram da avaliação. Essa pesquisa, divulgada pelo MEC, revelou que 68,1 % dos estudantes brasileiros, com 15 anos de idade, não possuem nível básico de Matemática, em Ciência, 55% e em Leitura, 50%.
E, pasmem: os índices estão estagnados desde 2009. O cenário, segundo o MEC, abrange situação de estudantes incapazes de compreender textos básicos. Evidente, assim, que a leitura no país precisa ser exercitada e estimulada. Se comparado a outros países da Organização para a Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCEDE), o Brasil, em leitura, está classificado em 413, ou seja, muito aquém à média dos países que compõe tal organização, que é de 487; estamos, assim, no fim da fila ou no fundo do poço.
Segundo dados da “Agência Brasil”, o Brasil perdeu, de 2015 a 2019, mais de 4,6 milhões de leitores. Essa porcentagem caiu nesse período de 56% para 52%. Segundo essa agência, o brasileiro lê em média, 05 livros por ano, o que é pouco e lamentável. As redes sociais e a internet são apontadas para a queda do percentual de leitores, sobretudo entre as camadas mais ricas e com ensino superior.
O tempo que sobra, segundo Zoara Failla, pesquisadora, está sendo usado nas redes sociais e internet, como referido. Os efeitos práticos e negativos desse déficit de leitura, é que dificultará que estudantes progridam no ensino e ingressem no mercado do trabalho. Evidente que o modelo educacional no Brasil deve ser repensado. Desde 2009 estamos patinando na evolução educacional.
Sabemos que maus governos preferem povos ignaros aos cultos, por razões óbvias. Cabe às autoridades do setor educacional da união, dos estados e dos municípios, “falarem a mesma língua” e adotarem reais políticas públicas para o avanço educacional no país. Em específico, como uma das medidas, deve-se fomentar a leitura. Ao cidadão, recomenda-se o despertar para a triste realidade da leitura no Brasil, como já alertava Machado de Assis, desde o século XIX, em especial no ensaio “Instinto de nacionalidade”, de 1873, ao afirmar: “… Feitas as exceções devidas não se lêem muito os clássicos no Brasil … Em geral, porém, não se lêem, o que é um mal …”
*Adelmo Pinho é promotor de justiça em Araçatuba e articulista do RP10