De acordo com planilhas tornadas públicas nesta quinta-feira (12), o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, gastou R$ 27,6 milhões entre 2019 e 2022 no seu cartão corporativo. Os gastos foram revelados devido a um pedido feito pela agência Fiquem Sabendo por meio da LAI (Lei de Acesso à Informação). Até então, o governo Bolsonaro argumentava que deixaria os valores em sigilo até o fim do mandato, seguindo um trecho da própria lei.
O maior destaque entre os gastos foi a hospedagem, com R$ 13,7 milhões, seguido pela alimentação, R$ 10,2 milhões. Somente no Ferraretto Hotel, no Guarujá (SP), foi pago R$ 1,4 milhão.
Esses números não se relacionam, em tese, com os “sigilos de 100 anos” de Bolsonaro, desafiados pelo governo Lula (PT) em pedido apresentado à CGU (Controladoria-Geral da União) no dia da posse.
Entre as dez maiores notas fiscais de despesas no cartão corporativo da Presidência, há a presença de um pequeno restaurante de Boa Vista, Roraima: o Sabor de Casa. O local, que fornece marmitas promocionais a R$ 20, recebeu três pagamentos – R$ 109 mil, R$ 28 mil e R$ 14 mil – entre setembro e outubro de 2021.
Além disso, foram gastos R$ 362 mil em várias entregas na filial da padaria carioca Santa Marta. O maior pagamento foi de R$ 55 mil, durante maio de 2021, na véspera de uma motociata realizada no Rio de Janeiro.
“Mercadinho gourmet”
O ex-presidente gastou mais de R$ 680 mil em um “mercadinho gourmet” no cartão corporativo do Palácio do Planalto. Durante os quatro anos de mandato, foram 1.264 compras feitas com dinheiro público no Mercado La Palma, um dos mais caros de Brasília (DF).
Com lojas na Asa Norte e na Asa Sul, os dois bairros mais nobres da capital federal, o La Palma vendeu gêneros alimentícios para a Presidência desde 2 de janeiro de 2019, segundo dia de governo Bolsonaro. A compra mais cara foi de R$ 4.021,90 e, na média, o valor gasto foi de R$ 540.
O “mercadinho” preferido do ex-presidente tem como slogan “o paraíso do gourmet”, em referência aos produtos importados vendidos. “Em casa ou em um bom restaurante, todo chef tem seus segredos. Bons ingredientes é um deles”, diz um dos textos promocionais do site do La Palma.
Os gastos dos cartões corporativos da Presidência foram publicados pelo governo federal em 6 de janeiro. Dias depois, o Executivo respondeu a um pedido feito pela agência Fiquem Sabendo por meio da LAI (Lei de Acesso à Informação).