Estresse, trabalho intenso e temor pela própria segurança e da família são condições que fomentam os casos de transtornos psiquiátricos entre policiais penais. De acordo com o levantamento feito pelo Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional de São Paulo, um em cada cinco desses servidores está afastado por problemas de saúde. 22% enfrentam problemas médicos, sendo que 10% desse total se referem a doenças psiquiátricas. As informações são da Jovem Pan.
São 49,5 mil policiais penais em São Paulo, mas, atuando, são 34 mil. O índice de suicídios na polícia penal é o triplo da média nacional, de 6,3 casos para cada 100 mil habitantes, segundo a Organização Mundial da Saúde. Sindicatos do setor têm se organizado para alertar sobre o tema.
A psicóloga da secretaria de administração penitenciária Martelaine de Lima destaca os perigos da profissão e ressalta o que acredita ser necessário para mudanças efetivas: “A gente tem casos de depressão, crise de ansiedade, também tem um alto índice de uso de substâncias, como o álcool, e isso acaba trazendo outros problema de saúde. O próprio também favorece outras doenças, de ordem econômica, de ordem física, pensando na própria organização do trabalho, no tempo que é despendido nesse trabalho, que são escalas de 12 horas, pensando também numa questão geográfica, muitos dos trabalhadores da área de segurança estão muito longe da família, então às vezes eles acabam vivendo em repúblicas e viajam horas para passar dois dias com a família e voltam para a unidade prisional. É toda a configuração do sistema. A gente precisa investir em políticas que sejam ações que consigam atingir todos os servidores, que sejam não só educativas, mas que estejam na ponta, acompanhando esses servidores, que elas estejam disponíveis para o acesso desses servidores. E além das ações preventivas, também as ações de atendimento, um atendimento especializado”, disse a psicóloga.
Foi realizado na Assembleia Legislativa de São Paulo o Fórum Penitenciário Permanente, que contou com membros do sindicato e da equipe de transição de governo. O objetivo é apresentar um raio X do sistema penitenciário paulista para o governo que vai assumir no início do ano que vem. O presidente do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional de São Paulo, Fábio Jabá, explica que a sobrecarga dos policiais penais pode acarretar em consequências para a sociedade.
“Uma cela que era para estar com 12 presos e está com 50. Uma cela que era para estar com três e está com nove. Um pavilhão que era para ter 96 e está com 300, 400 presos. Isso tudo vai descarregar em um policial penal. Então ele vai adoecer. O estresse é a raiz de todos os males. Vai vir Burnout, depressão, síndrome do pânico. Nós temos vários casos de suicídios. Quem está preso em São Paulo hoje é o crime organizado, é a maior facção que do mundo. Queremos que o governo nos ouça para ajudar São Paulo a ter um sistema prisional que realmente represente e possa devolver esse trabalho para a sociedade”, pontuou.
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