O indígena José Acácio Serere Xavante, preso nessa segunda-feira (12) pela Polícia Federal por atos antidemocráticos, recebeu apoio financeiro do fazendeiro araçatubense Didi Pimenta, que possui propriedade em Campinópolis (MT), região habitada por cerca de 27 mil índios xavantes.. O próprio fazendeiro admitiu a ajuda em um vídeo divulgado nas redes sociais, em que pede a colaboração de amigos para manter indígenas em manistações em Brasília (DF).
A prisão temporária do indígena, também conhecido como Cacique Tserere, foi decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, que acolheu pedido da PGR (Procuradoria Geral da República). Conforme a PGR, o xavante vem se utilizando da sua posição de cacique para arregimentar indígenas e não indígenas para cometer crimes, mediante ameaça de agressão e perseguição do presidente eleito e de ministros do STF. A prisão se fundamentou na necessidade de garantia da ordem pública, diante da suposta prática dos crimes de ameaça, perseguição e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Para chegar e se manter na capital federal, o indígena recebeu a ajuda do fazendeiro Didi Pimenta, que gravou um vídeo pedindo contribuições a amigos para manter o cacique e outros índios que foram para Brasília participarem de atos pró-Bolsonaro e contrários ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. No vídeo, Didi Pimenta afirma que foi procurado pelo cacique porque “queria ajudar na manifestação”.
Ele inicia a gravação se apresentando. “Meu nome é Didi Pimenta, sou de Araçatuba, tenho fazenda em Campinápolis, Mato Grosso, onde há uma das maiores reservas indígenas populacionais do Brasil”, diz. Na sequência, conta que, após ser procurado pelo cacique, que também é pastor, o enviou para Brasília, há dez dias. “Já mandamos aqui de Campinápolis, eu e um grupo de amigos, oito ônibus de índios, e ontem de outras etnias amigas do Tserere já foram para Brasília”, afirmou o fazendeiro no vídeo.
Na sequência, admite estar com dificuldades para manter os indígenas na capital federal e pede ajuda financeira aos amigos. “Todo mundo está ajudando, passando PIX direto para a conta do Tserere ou pode passar até para a minha, e qualquer quantia vai ajudar muito. Nós estamos recebendo 30, 40, até 500 reais. Isso vai da consciência e da capacidade de cada um. O que vier será bem-vindo”.
No encerramento do vídeo, o fazendeiro deixa clara a intenção do envio dos índios e dos atos em Brasília. “E que Deus nos abençoe, porque estamos empenhados nessa luta junto com Tserere e com os xavantes para manter a nossa democracia e nosso capitão no governo”, disse, referindo-se a Bolsonaro.
Assista ao Vídeo:
Quem é o “cacique”
O indígena preso não tem a função de cacique na aldeia em que vive. Segundo o jornal Correio Braziliense, quem comanda o local é o Cacique Celestino. Além disso, Tserere não é um indígena tradicional, pois se casou há seis anos com uma mulher não indígena e atua como pastor, após ser preso por tráfico de drogas.
Sua vida política teve início em 2010, quando foi candidato a prefeito de Campinápolis pelo PROS, mas não conseguiu ser eleito. O indígena ganhou notoriedade em grupos bolsonaristas ao tecer críticas ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e às urnas eletrônicas.
Leia Mais:
Manifestantes tentam invadir sede da PF em Brasília e ateiam fogo em veículos
Em diplomação no TSE, Lula chora e diz que povo reconquistou democracia