A Agendda (Associação Gênero, Diversidade, Direitos e Afetividade), de Araçatuba, publicou uma nota de repúdio contra as falas proferidas pelo vereador Antônio Edwaldo Dunga Costa (União Brasil) sobre a 3º Parada LGBTQIA+, realizada no município no domingo (4) no município. O pronunciamento do parlamentar foi classificado como LGBTfóbico.
Dunga se pronunciou sobre o evento após a votação de um requerimento que questionava a Prefeitura a respeito de valores repassados pela administração para a realização do evento. O documento foi aprovado durante a 40ª sessão ordinária da Câmara, realizada na noite dessa terça-feira (6).
Após a votação, Dunga pediu a palavra e criticou o evento. “Eu não tenho nada, aliás, eu tenho até uma simpatia imensa pelo público LGBT, meu maior eleitorado vem daí, fui criado na XV de Novembro, não precisa muita explicação”, começou, referindo-se à antiga zona de meretrício da cidade, onde morou.
“Mas, realmente, a forma que está sendo feito isso, essa inversão de valores, eu não aceito. E nunca vou aceitar isso daí. Nós vamos bancar e nossos filhos são obrigados a aceitar pessoas de roupas íntimas? A forma como está sendo feito isso eu não aceito, uma forma vulgar, que vilipendia o ser humano”, disse.
“O que eu não aceito é que se levante essa putaria organizada e oficializada, que está sendo uma falta de respeito com essa Casa”, continuou o vereador, citando, ainda, sexo entre adolescentes no “fundo da exposição”. O evento foi realizado no domingo, com concentração na avenida Doutor Alcides Fagundes Chagas, onde fica localizado o Recinto de Exposições Clibas de Almeida Prado.
“Manifestações desrespeitosas”
Em nota, a Agendda afirmou que o evento foi realizado dentro de todas as legalidades previstas, “não havendo nenhuma intercorrência, ato violento, ou qualquer situação que ferisse a integridade de ninguém. “Evento gratuito, aberto ao público, que acolheu todas, todos e todes, sem qualquer distinção, contando com a presença de famílias homoafetivas, heteroafetivas, crianças, idosos, pessoas com deficiência etc, sendo esse um marco, pois expressa exatamente a representação da diversidade das pessoas, além de entidades religiosas que ali estavam para acolher, e não discriminar!”, continua a nota da entidade divulgada em suas redes sociais.
A Agendda classificou como “manifestações desrespeitosas” o ocorrido durante a sessão da Câmara. “Falas carregadas de preconceito, ódio e sem qualquer justificativa, a não ser difamar o movimento e a luta de nossa comunidade, mas não nos abalaremos, seguiremos na luta por uma sociedade justa, igualitária e que respeite a diversidade das pessoas, a pluralidade dos corpos e acima de tudo, o direito de ser quem se é e de amar quem quiser!”
PSOL diz que falas reforçam discriminação e preconceito
O diretório municipal do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) também se manifestou sobre as falas de Dunga. “O vereador citou diversas acusações graves sem apresentar uma única prova e estigmatizou a população LGBTQIA+ ao compará-los com casas de prostituição existentes na Rua XV de Novembro em tempos passados.
“As falas de Dunga reforçam a violência, a discriminação e o preconceito sofrido por quem vive no país que mais mata LGBT’s no mundo e a casa legislativa municipal, aquela que deveria representar a população araçatubense sem distinção de raça, gênero e condição social, se curva a esse ato brutal e mantém o silêncio diante da estupidez de um parlamentar que parece desconhecer o que podemos chamar de respeito”, continua o documento assinado pelo presidente do partido em Araçatuba, Matheus Lemes.
Segundo ele, o partido irá verificar as possibilidades jurídicas para que este fato tenha devida responsabilização. “É inadmissível que um vereador profira denúncias graves na tribuna sem apresentar comprovações, sem exigir apuração dos fatos e deixando claro, ao nosso entender, que o único objetivo de tamanho absurdo é desinformar e promover preconceitos. Resistiremos!”, finaliza a nota.
Outro Lado
O vereador Dunga se manifestou por meio de nota e negou as acusações de LGBTfobia e afirmou que a essência de seu pronunciamento não foi e não é discriminatória. “Quem me conhece sabe que sou a pessoa mais plural do planeta e convivo muito bem e respeitosamente com todas as pessoas. Amo as pessoas”, argumentou.
Segundo ele, o que está em questão não é opção sexual e nem o mérito do evento realizado, “e sim a priorização em relação a aplicação de recursos públicos, quando se tem em uma cidade inúmeras necessidades que a população clama e ainda não foram atendidas pela alegada falta de recursos públicos. A população precisa de eventos de lazer e culturais e também precisa de mais ambulâncias”, afirmou.
O vereador disse, ainda, que compartilha do questionamento feito ontem pelo vereador Arlindo Araújo: “Como vamos explicar para a população que por falta de ambulância um araçatubense saiu do hospital e precisou ser transportado na caçamba de uma camionete? Tenho resposta para dizer que respeito a todas as formas de opção de vida. Mas não tenho resposta para o questionamento acima”, finalizou.
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