Os estudos sobre psicanálise fornecem ricos conhecimentos para a análise do comportamento humano e, como não poderia deixar de ser, do crime. Pois esse nada mais é do que uma espécie de comportamento humano.
A partir de Sigmund Freud e suas pesquisas surgiram várias abordagens a respeito do fenômeno crime, sendo que uma delas tem relação com a sua descoberta a respeito do “inconsciente” e das instâncias do “id”, “ego” e “superego”.
A psicanálise é um estudo extremamente complexo e há evidente risco ao tentar resumi-la em um artigo de opinião. Assim, recortarei o estudo e o simplificarei apenas para atingir o objetivo de informar, mas com a advertência de que a análise técnica de um caso é evidente muito mais profunda e obrigatoriamente só pode ser realizada por um profissional habilitado.
O “id” segundo Freud é o instituto do ser humano que norteia as condutas em busca de prazer, desejos e satisfações. De outro lado, o “superego” é a instância ligada à internalização das regras sociais de convivência, à repressão dos desejos do “id”. Num sentido figurativo, o “id” seria aquele “diabinho” que sussurra em nossos ouvidos ao passo que o “superego” seria o “anjinho” que nos aconselha.
Por sua vez o “ego” é aquela instância derivada do “id” que o conecta com o mundo real e é o responsável por fazer as escolhas entre atender às vontades do “id” ou do “superego”.
Com efeito, uma das análises psicanalíticas possíveis diz que o crime pode ser resultado de um enfraquecimento do “superego”, haja vista que o indivíduo opta por atender aos anseios do seu “id” em detrimento das regras de convívio social.
Todavia, não se pode ignorar que o “inconsciente” para Freud é como uma espécie de caixa-preta na qual se armazenam diversas informações, sentimentos, etc que estão inacessíveis ao nosso “consciente”, mas que certamente guiam as nossas escolhas. Então, a repressão exacerbada do “id” pelo “superego” também pode desembocar em neuroses armazenadas no “inconsciente” que depois pautarão nossas condutas também. Dúvidas ou sugestões: [email protected]
Marcelo Yukio Misaka é Juiz de Direito, Doutorando e Mestre em Ciências Jurídicas/UENP, Professor Universitário e colunista do RP10