Uma pesquisa PoderData, divulgada nesta quinta-feira (6), mostra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com 52% das intenções de voto contra 48% de Jair Bolsonaro (PL) no 2º turno das eleições. O placar é referente aos votos válidos.
A diferença numérica é a menor já captada pelo instituto em um confronto direto entre os 2 candidatos. A distância indica vantagem mínima do petista, mas sem empate técnico. No 1º turno, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contabilizou 48,43% dos votos para Lula e 43,2% para Bolsonaro.
De acordo com o PoderData, quando se considera a totalidade dos votos, Lula tem 48% contra 44% de Bolsonaro. São 6% os que dizem pretender votar em branco ou anular o voto e 2% os que não sabem.
A pesquisa foi realizada pelo PoderData, com recursos do Poder360, por meio de ligações para telefones celulares e fixos. Foram 3.500 entrevistas em 301 municípios nas 27 unidades da Federação de 3 a 5 de outubro de 2022. A margem de erro é de 1,8 ponto percentual para um intervalo de confiança de 95%. Registro no TSE: BR-08253/2022.
Erros no primeiro turno: entenda
No primeiro turno, o resultado do pleito diferiu das pesquisas, com mais votos do que o previsto para Bolsonaro. Elas estimavam no máximo 39% das intenções, mas ele chegou a 43% do eleitorado, ficando atrás de Lula, que teve 48%, dentro do indicado pelos levantamentos.
Com a possibilidade de vitória do ex-presidente Lula já no primeiro turno, como indicavam algumas pesquisas, parte dos eleitores antipetistas de Simone Tebet (MDB) e, principalmente de Ciro Gomes (PDT), decidiram declarar voto em Bolsonaro (PL) já no primeiro turno para garantir uma vaga ao mandatário na segunda etapa, segundo especialistas ouvidos pelo Brasil de Fato.
A hipótese é que a transferência adiantada de votos se deu principalmente entre os eleitores do ex-governador do Ceará, devido ao comportamento do pedetista de ataque ao ex-presidente Lula e ao Partido dos Trabalhadores, numa tentativa de angariar os votos de bolsonaristas.
Mayra Goulart, professora de Ciência Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGCS) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), afirma que Simone Tebet e Ciro Gomes organizaram suas respectivas campanhas em torno de estratégias e eleitores diferentes.
“Ciro Gomes se movimentou para ser um porta voz do antipetismo, na franja do eleitorado que não tem muita simpatia pelo Bolsonaro, mas que é, sobretudo, antipetista. Ele quis ser o Ciro que é inequivocamente antipetista, sem uma marcação bolsonarista e, de alguma maneira, com um ar de masculinidade e virilidade”, argumenta Goulart.
Na mesma linha, Carolina Botelho, pesquisadora do Doxa – Laboratório de Estudos Eleitorais, de Comunicação Política e Opinião Pública, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ), afirma que antes mesmo do primeiro turno já foi registrada uma migração do voto de Ciro para Bolsonaro.
“Especula-se que parte dele tenha ido para Bolsonaro, assim como o da Tebet. Só que esse esvaziamento do Ciro já tem ocorrido ao longo do tempo. Isso ficou bastante claro no último mês”, diz.