O deputado federal André Janones (Avante) está proibido de divulgar qualquer imagem do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao lado do ex-presidente do PTB, Roberto Jefferson, preso na noite deste domingo (22) após tentativa de homicídio contra policiais federais. Janones também está proibido de fazer qualquer publicação que relacione ambos, sob pena de multa diária de R$ 100 mil reais.
A medida foi determinada, neste domingo (23), pelo ministro Alexandre de Moraes, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a pedido da coligação de Bolsonaro. “O conteúdo veiculado nas postagens realizadas pelo representado [André Janones], em 23/10/2022, se descolam da realidade, por meio de inverdades e suposições, fazendo uso de recortes e encadeamentos inexistentes, com o intuito de induzir o eleitorado negativamente, a crer que Roberto Jefferson seria o coordenador de campanha de Jair Messias Bolsonaro e que o candidato teria manifestado apoio aos atos criminosos cometidos na data de hoje”, escreveu o ministro em sua decisão.
O magistrado também determinou que as plataformas Instagram e Twitter e André Janones removam o conteúdo das redes. O deputado federal afirmou que cumprirá a determinação da Justiça.
Apesar de não ser coordenador de campanha de Jair Bolsonaro, Roberto Jefferson e o mandatário colecionam momentos juntos principalmente a partir de 2020, quando o ex-parlamentar passou a atuar para que sua legenda se alinhasse ainda mais ao hoje candidato do PL. Nas redes sociais, o ex-presidente do PTB fazia elogios ao presidente e apoiava as medidas propostas pelo governo, com a liberalização das armas.
Em um vídeo publicado em seu perfil no Twitter no ano passado, Bolsonaro utiliza a imagem de Roberto Jefferson para afirmar que não existe corrupção em seu governo. “Ele [Bolsonaro] é representante do povo. Ele é o chefe do Estado, ele é o chefe do governo e ele tem honrado o que ele disse na campanha: eu não vou roubar e não vou deixar roubar”, afirma Jefferson na gravação.
Prisão de Roberto Jefferson
O ex-deputado federal foi preso na noite deste domingo (23) por ter violado repetidamente as medidas cautelares impostas para o cumprimento da prisão domiciliar, entre elas a de não receber visitas e conceder entrevistas, não compartilhar notícias falsas e nem utilizar as redes sociais.
Por esses motivos, Alexandre de Moraes determinou a volta de Roberto Jefferson à prisão, no âmbito do inquérito que investiga uma organização criminosa que atenta contra o Estado Democrático de Direito. Ele havia sido preso em 13 de agosto de 2021 após ataques a ministros da Corte. Em janeiro de 2022, a decisão foi revertida em prisão domiciliar, por questões de saúde, como havia justificado sua defesa.
Agora, no entanto, além de ser investigado por ataques ao Estado Democrático de Direito, o político da extrema-direita responderá por tentativa de homicídio. Roberto Jefferson recebeu os policiais em sua casa com mais de 20 tiros de fuzil e três granadas. Dois dos policiais ficaram feridos.
Neste momento, Roberto Jefferson se encontra preso no Presídio José Frederico Marques, também conhecido como cadeia de Benfica, na zona norte do Rio de Janeiro.