O primeiro levantamento feito pelo Ipec (antigo Ibope) no segundo turno, sob encomenda da TV Globo, divulgado na noite desta quarta-feira (5), coloca o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na liderança da disputa pela presidência da República, com 51% dos votos totais. O presidente Jair Bolsonaro (PL) tem 43%.
O percentual de indecisos ficou em 2%. Os entrevistados que não sabem ou não responderam foram 4%.
O resultado daria a vitória a Lula, que seria eleito no dia 30 o próximo presidente da República. Em votos válidos, o resultado do Ipec é 54,2% a 45,8% a favor de Lula.
As entrevistas foram feitas de segunda (3) a quarta-feira (5). Foram ouvidas 2 mil pessoas em todos os estados do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para cima ou para baixo. O levantamento foi registrado no TSE com o número BR-02736/2022.
No primeiro turno, o resultado do pleito diferiu das pesquisas, com mais votos do que o previsto para Bolsonaro. Elas estimavam no máximo 39% das intenções, mas ele chegou a 43% do eleitorado, ficando atrás de Lula, que teve 48%, dentro do indicado pelos levantamentos.
Com a possibilidade de vitória do ex-presidente Lula já no primeiro turno, como indicavam algumas pesquisas, parte dos eleitores antipetistas de Simone Tebet (MDB) e, principalmente de Ciro Gomes (PDT), decidiram declarar voto em Bolsonaro (PL) já no primeiro turno para garantir uma vaga ao mandatário na segunda etapa, segundo especialistas ouvidos pelo Brasil de Fato.
A hipótese é que a transferência adiantada de votos se deu principalmente entre os eleitores do ex-governador do Ceará, devido ao comportamento do pedetista de ataque ao ex-presidente Lula e ao Partido dos Trabalhadores, numa tentativa de angariar os votos de bolsonaristas.
Mayra Goulart, professora de Ciência Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGCS) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), afirma que Simone Tebet e Ciro Gomes organizaram suas respectivas campanhas em torno de estratégias e eleitores diferentes.
“Ciro Gomes se movimentou para ser um porta voz do antipetismo, na franja do eleitorado que não tem muita simpatia pelo Bolsonaro, mas que é, sobretudo, antipetista. Ele quis ser o Ciro que é inequivocamente antipetista, sem uma marcação bolsonarista e, de alguma maneira, com um ar de masculinidade e virilidade”, argumenta Goulart.
Na mesma linha, Carolina Botelho, pesquisadora do Doxa – Laboratório de Estudos Eleitorais, de Comunicação Política e Opinião Pública, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ), afirma que antes mesmo do primeiro turno já foi registrada uma migração do voto de Ciro para Bolsonaro.
“Especula-se que parte dele tenha ido para Bolsonaro, assim como o da Tebet. Só que esse esvaziamento do Ciro já tem ocorrido ao longo do tempo. Isso ficou bastante claro no último mês”, diz.