O estudo “Segurança Hídrica no Ribeirão Baguaçu em Araçatuba” traz um alerta para a situação do manancial. No território de mais de 50 mil hectares em que está inserida a sub-bacia hidrográfica do ribeirão, compreendida pelos municípios de Araçatuba, Bilac, Birigui e Coroados, restam apenas 4% da vegetação nativa.
A situação foi divulgada nesta quinta-feira (6), durante a apresentação do estudo, no auditório da Secretaria Municipal de Educação. O eento reuniu autoridades, representantes de associações, sociedade civil e empresários, em busca do mesmo propósito: garantir vida longa ao Ribeirão Baguaçu.
Principal manancial de Araçatuba, as águas captadas do rio representam 50% do abastecimento da cidade. Ao final do encontro, os prefeitos de Araçatuba, Birigui e Bilac assinaram um termo de compromisso simbólico em defesa da preservação do Baguaçu.
“Desta forma, podemos dizer que o objetivo deste estudo é gerar uma articulação política e a quebra de paradigma para que ações prioritárias sejam colocadas em prática para garantir a segurança hídrica do Ribeirão Baguaçu”, afirmou o Coordenador de Pesquisas do Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), Guilherme Checco, responsável por apresentar os resultados.
O estudo hídrico foi encomendado pela GS Inima Samar, concessionária de água e esgoto de Araçatuba, e realizado pela Brava Engenharia. O IDS ficou com compromisso de traduzir os resultados à sociedade, trazendo uma agenda de discussões e apontamentos sobre o que é necessário para a recuperação do Ribeirão Baguaçu.
Dois milhões de litros de água por hora
Entre as recomendações apresentadas para mitigar os riscos e alavancar os potenciais do ribeirão, estão identificar áreas prioritárias, realização de planejamento de paisagem para recuperar o manancial, organização de estratégia de comunicação para mobilizar a sociedade e realização de debates com os entes envolvidos.
Para o diretor-técnico da GS Inima Samar, Eduardo Caldeira, o evento foi um momento para compartilhar informações e alinhar propósitos. O objetivo, em linhas gerais, é contribuir para que o Baguaçu continue sendo um recurso natural com o qual toda a região possa contar.
“Para nós, o Baguaçu significa a produção de dois milhões de litros de água por hora, que garantem o abastecimento de quase metade da população de Araçatuba e a recepção do efluente tratado pela ETE Baguaçu, completando assim a universalização dos serviços de água e esgoto na cidade”, informou.
Sustentabilidade
O diretor de Relações Institucionais e Sustentabilidade da GS Inima Brasil, Roberto Muniz, explicou que a sustentabilidade faz parte da estratégia da companhia.
“O tema está estrategicamente ligado ao nosso negócio e, por isso, este debate é tão importante para nós. Partimos dos nossos princípios e dos nossos valores para criar o documento que chamamos de Hidrosfera, onde são elencadas todas as ações que a GS Inima coloca em prática em favor do meio ambiente e é por meio disso que conquistaremos a segurança hídrica que almejamos”, pontuou.
Para um debate global sobre o tema, o diretor da ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico) Vitor Saback foi convidado a participar do evento por meio de videoconferência.
O executivo abordou as mudanças climáticas ocorridas durante os últimos anos e se colocou à disposição para contribuir com as ações a respeito do Baguaçu. “É um manancial que precisa de estudos e monitoramentos para que sua segurança seja garantida e estamos à disposição para ajudar no que for preciso”, comentou.
Mesa Redonda
Durante o evento, uma mesa redonda foi formada para discutir ações práticas em benefício do Ribeirão Baguaçu, mediada por Roberto Muniz. Participaram o prefeito de Araçatuba, Dilador Borges, o diretor de Recursos Hídricos do DAEE (Departamento de Água e Energia Elétrica) e secretário executivo do Comitê de Bacias Hidrográficas do Baixo Tietê, Luiz Otávio Manfré, o presidente do Siran – Sindicato Rural da Alta Noroeste, Thomas Rocco, o comissário-geral da Agência Reguladora e Fiscalizadora Daea, Marcio Saito e o diretor-técnico da GS Inima Samar, Eduardo Caldeira.
Thomas Rocco apresentou o programa das Fontes à Foz, de recuperação de nascentes em propriedades rurais, já Marcio Saito abordou a importância de uma tarifa de saneamento que poderia ser destinada à segurança hídrica do Ribeirão Baguaçu, além de lembrar a importância da conscientização da população no que diz respeito ao uso consciente da água.
O diretor do DAEE, Luiz Otávio Manfré, pontuou a necessidade de uma taxa para o uso rural da água e como essa situação precisa ser controlada para diminuir as perdas. O prefeito Dilador Borges se disse preocupado com os resultados e apresentou alguns projetos que já estão em prática por meio da secretaria de Meio Ambiente.
Plantio de 10 mil árvores
Finalizando o painel de debates, o diretor da GS Inima Samar anunciou o plantio de 10 mil árvores no perímetro urbano de Araçatuba, no trecho em que o rio passa da Marechal Rondon até a captação de água no Complexo Baguaçu. “Esta é uma pequena parte do que podemos fazer para iniciar as ações de recuperação do Baguaçu e, após essas discussões, contaremos com a colaboração de todas as entidades envolvidas”, comentou Caldeira.
A apresentação do estudo hídrico terminou com a assinatura de um termo de compromisso simbólico de cooperação para garantir e preservar o Ribeirão Baguaçu para as futuras gerações. O documento foi assinado pelo prefeito de Araçatuba, Dilador Bordes, prefeito de Birigui, Leandro Maffeis, e prefeito de Bilac, Vitor Botini.
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