Caminhoneiros apoiadores do presidente em fim de mandato Jair Bolsonaro (PL) bloqueiam estradas em diversos pontos do país desde a noite de domingo (30), quando foi confirmada a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais. Um dos bloqueios acontece na Via Dutra, principal ligação entre as duas maiores cidades do país, São Paulo e Rio de Janeiro.
Segundo a concessionária CCR, que administra a Dutra, o bloqueio acontece na altura de Barra Mansa, cidade fluminense próxima à divisa com São Paulo, nos dois sentidos.
O portal Metrópoles confirmou protestos no Distrito Federal e nos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia e Santa Catarina, além do Rio de Janeiro e de São Paulo.
Ameaças e violência
Pessoas que ficaram presas nos engarrafamentos gerados pelos protestos relataram episódios de violência. A professora Luciana Uyeda, que estava em viagem de São Paulo para Juiz de Fora (MG), deixou o ônibus em que embarcou e foi para a pista pedir carona na Dutra. Ela disse que esteve perto de ser agredida.
“As pessoas que estão tentando carona, tentando salvar suas vidas, estão sendo hostilizadas por bolsonaristas. Tem carro sendo agredido, aqui no posto onde buscamos refúgio, o carro teve os vidros quebrados. O rapaz que estava nos dando carona, ele estava com um boné vermelho, ele não falou nada de política, só abriu a janela do carro, pediu uma informação e foi hostilizado”, contou ao Brasil de Fato.
Um homem que pediu para não ter o nome publicado contou à reportagem que o ônibus em que estava, que fazia o trajeto entre o Rio de Janeiro e São Paulo, chegou ao ponto de bloqueio da Dutra, na altura de Barra Mansa, por volta de 1h da manhã de segunda (30). Às 12h30 o veículo seguia no local, enquanto havia negociação para liberação.
Ele contou ter visto pessoas sendo ameaçadas por alguns dos participantes do protesto, que exigiram que apagassem fotos. O homem também testemunhou depredação de um veículo cujo motorista tentou furar o bloqueio, e disse que os policiais que estavam no local nada fizeram.
O vereador de São Paulo Fernando Holiday (Republicanos) foi até o local e postou vídeo nas redes sociais em que critica o Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Alexandre de Moraes, a imprensa e institutos de pesquisa. “O governo de Luiz Inácio Lula da Silva precisa conhecer o terror que é nos ter como oposição. Seja com os caminhoneiros, seja com os movimentos de rua, seja com os diversos partidos políticos, mas nós não vamos nos calar”, disse.
Também houve registros de motoristas de carros sendo hostilizado, com vidros sendo quebrados, como os casos que aparecem nos vídeos abaixo, em Barra Mansa (RJ). Até a última atualização desta reportagem, não havia detalhes sobre o que motivou o começo das agressões ou se a polícia chegou a intervir em algum dos casos.
O deputado federal Nereu Crispim (PSD-RS), presidente da Frente Parlamentar Mista dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas, afirmou, em entrevista ao UOL, que os bloqueios são “ideológicos” e os grupos que fazem as manifestações não representam a categoria.
Em nota, o Ministério da Infraestrutura informou que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) monitora a situação nas rodovias do país e atua pela liberação das vias. O número de interdições, segundo o ministério, caiu durante a manhã. No início da tarde eram 47.
A PRF informou que acionou a Advocacia Geral da União (AGU) para tentar um mandado judicial para encerrar os protestos e retomar a fluidez do tráfego nas vias. A corporação disse ainda que foram enviados agentes a todos os pontos onde foram confirmados bloqueios.