A Secretária de Saúde Pública do Pará (Sespa) investiga um caso suspeito de poliomielite em uma criança de três anos. Segundo informações do documento de Comunicação de Risco emitido pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde – CIEVS/SESPA, uma criança de três anos com paralisia testou positivo para poliovírus (SABIN LIKE 3) , através da metodologia de isolamento viral em fezes.
A coleta de fezes foi realizada no dia 16 de setembro e encaminhada ao Laboratório de Referência do Instituto Evandro Chagas. O laudo, com o resultado positivo para Sabin Like 3 foi emitido na última terça-feira (4).
Baixa adesão à vacinação
A campanha nacional contra a pólio tinha como público as crianças menores de 5 anos que ainda não foram vacinadas com as primeiras doses do imunizante (que é aplicado as 2, 4 e 6 meses de idade, via injeção intramuscular) e incentivar a aplicação da dose de reforço, que acontece por meio da conhecida gotinha (aos 15 meses e aos quatro anos de idade).
Apesar dos esforços, nenhuma unidade federativa alcançou a meta de 95% da cobertura vacinal. Segundo dados do Ministério da Saúde, apenas 54% das crianças foram imunizadas em todo o país.
Os estados com as maiores coberturas são Paraíba (86,82%), Amapá (82,85%), Alagoas (74,65%), Santa Catarina (73,05%) e Ceará (69,41%). Os que menos vacinaram foram Roraima (23,17%), Acre (24,49%), Rio de Janeiro (30,59%), Distrito Federal (33,09%) e Pará (38,20).
No recorte por região, o Sul ocupa o topo, com 64,62%, seguido do Nordeste (61,72%), Sudeste (50,32%), Centro-Oeste (44,69%) e, em último lugar, Norte (43,22%).
Em 1994 a OMS conferiu ao Brasil o certificado de erradicação da doença.
Araçatuba vacinou apenas 62%
Em Araçatuba a Secretaria Municipal de Saúde tentou convencer os pais a vacinarem seus filhos contra a poliomielite, mas apenas 62% do público-alvo da campanha de vacinação contra a doença, realizada no período de 8 de agosto e 30 de setembro, receberam o imunizante.
O município possui 8.839 crianças maiores de 1 ano e menores de 5 anos que deveriam tomar a vacina. Deste número, 5.452 foram vacinadas, o que equivale a uma cobertura vacinal de 62%, percentual acima da média nacional, de 54%, mas bem abaixo dos 95% ideais preconizados pelo Ministério da Saúde.
Para elevar o número de crianças imunizadas, o município ampliou os postos e horários de vacinação, levou a vacina às escolas e até ofereceu ingresso de graça em um circo que está na cidade às crianças que fossem imunizadas. Mesmo assim, não houve adesão maciça dos pais e responsáveis.
Conforme a Secretaria Municipal de Saúde, apesar do encerramento da campanha, as doses da vacina continuarão disponíveis em todas as UBSs (Unidades Básicas de Saúde) de Araçatuba.
Poliomielite (paralisia infantil)
A poliomielite, também chamada de pólio ou paralisia infantil, é uma doença contagiosa aguda causada por um vírus que vive no intestino, chamado poliovírus, que pode infectar crianças e adultos por meio do contato direto com fezes ou com secreções eliminadas pela boca das pessoas infectadas e provocar ou não paralisia. Nos casos graves, em que acontecem as paralisias musculares, os membros inferiores são os mais atingidos.
Transmissão:
A transmissão ocorre por contato direto pessoa a pessoa, pela via fecal-oral (mais frequentemente), por objetos, alimentos e água contaminados com fezes de doentes ou portadores, ou pela via oral-oral, por meio de gotículas de secreções da orofaringe (ao falar, tossir ou espirrar). A falta de saneamento, as más condições habitacionais e a higiene pessoal precária constituem fatores que favorecem a transmissão do poliovírus.
Sintomas:
Os sintomas mais frequentes são febre, mal-estar, dor de cabeça, de garganta e no corpo, vômitos, diarreia, constipação (prisão de ventre), espasmos, rigidez na nuca e até mesmo meningite. Nas formas mais graves instala-se a flacidez muscular, que afeta, em regra, um dos membros inferiores.
Tratamento:
Não existe tratamento específico, todas as vítimas de contágio devem ser hospitalizadas, recebendo tratamento dos sintomas, de acordo com o quadro clínico do paciente.
Sequelas: As sequelas da poliomielite estão relacionadas com a infecção da medula e do cérebro pelo poliovírus, normalmente são motoras e não tem cura. As principais são:
- – problemas e dores nas articulações;
- – pé torto, conhecido como pé equino, em que a pessoa não consegue andar porque o calcanhar não encosta no chão;
- – crescimento diferente das pernas, o que faz com que a pessoa manque e incline-se para um lado, causando escoliose;
- – osteoporose;
- – paralisia de uma das pernas;
- – paralisia dos músculos da fala e da deglutição, o que provoca acúmulo de secreções na boca e na garganta;
- – dificuldade de falar;
- – atrofia muscular;
- – hipersensibilidade ao toque.
As sequelas da poliomielite são tratadas através de fisioterapia, por meio da realização de exercícios que ajudam a desenvolver a força dos músculos afetados, além de ajudar na postura, melhorando assim a qualidade de vida e diminuindo os efeitos das sequelas. Além disso, pode ser indicado o uso de medicamentos para aliviar as dores musculares e das articulações.
Prevenção:
A vacinação é a única forma de prevenção da poliomielite. Todas as crianças menores de cinco anos de idade devem ser vacinadas conforme esquema de vacinação de rotina e na campanha nacional anual. O esquema vacinal contra a poliomielite é de três doses da vacina injetável – VIP (aos 2, 4 e 6 meses) e mais duas doses de reforço com a vacina oral bivalente – VOP (gotinha).