A campanha “Dignidade Menstrual” foi lançada no mês passado e tem como intuito a arrecadação de absorventes para doação. Encabeçada pela Comissão da Mulher Advogada da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e com apoio da CAASP (Caixa de Assistência dos Advogados de São Paulo), a campanha tem o incentivo de diversas empresas e instituições.
Os organizadores da campanha esperam conseguir mil pacotes, que terão como destino a Casa Maria, o Grupo Misture-se e Jesse, projetos sociais de Araçatuba. Contudo, os absorventes são itens descartáveis que durarão somente por certo período e, conforme afirmou a entrevistada Elisangela Lorencetti Ferreira Wirth, presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB – Subsecção de Araçatuba, é necessário se pensar em ações permanentes.
Assim, tentarão manter as parcerias já estabelecidas pela OAB e por Érika Tamura, líder de outra campanha, também de distribuição de absorventes.
Demais campanhas
Em agosto ocorreu, também, a campanha liderada por Érika Tamura, a pedido de sua filha, Melissa Kaori, falecida em 2021. Érika, que mora no Japão, teve apoio do consulado brasileiro em Tóquio, de um grupo no Facebook com mais de 30.000 participantes, além de uma loja de Araçatuba e amigos de Kaori. Como pedido pela filha em uma carta, Érika doou as arrecadações para o Fundo Social de Solidariedade de Araçatuba.
A pobreza menstrual
Com início em 2021, a campanha anual teve como base os dados de relatórios da ONU (Organização das Nações Unidas), que apontam a pobreza menstrual no Brasil. Enquanto vários outros países distribuem absorventes gratuitamente, aqui, muitas pessoas não possuem acesso a esse item básico de higiene.
A ausência de tais itens afeta diariamente a vida de estudantes de baixa renda, o que compromete, inclusive, o desenvolvimento de seu potencial na vida adulta. Dados da ONU apontam que, no mundo,1 em cada 10 estudantes falta às aulas durante o período menstrual. No Brasil, esse número é ainda maior: 1 entre quatro já deixou de ir à escola por não ter absorventes.
Segundo a PNS 2013, a média brasileira de idade da primeira menstruação é de 13 anos, sendo que quase 90% têm essa primeira experiência entre 11 e 15 anos de idade. Assim, a maioria absoluta passará boa parte de sua vida escolar menstruando. Com isso, perdem, em média, até 45 dias de aula por ano letivo, como revela o levantamento “Impacto da Pobreza Menstrual no Brasil”, encomendado por uma marca de absorvente e feito pela consultoria Toluna.
A falta de acesso a absorventes é um problema de saúde pública que afeta milhares de pessoas. A senadora Zenaide Maia, que foi relatora da SUG 43/2019 (que propunha a distribuição gratuita de absorventes) frisou, em 2019, que cerca de 13% da população possuía renda mensal menor que R$ 243,00 e, considerando que os gastos por ciclo menstrual giram em torno de R$ 30,00, “menstruar pode ser caro”.
(Com informações de: Agência Senado)
Serviço:
Informações e doações: (18) 3625-1295 – OAB.
Leia mais:
Associação faz campanha para salvar filhotes órfãos de animais silvestres
Congresso derruba veto de Bolsonaro à distribuição de absorventes