O Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras) da Associação Mata Ciliar, que funciona nas dependências da Faculdade de Medicina Veterinária da Unesp de Araçatuba, não está mais recebendo animais desde essa quinta-feira, primeiro de setembro. O motivo é a falta de parcerias para ajudar a custear o projeto, que tem um custo mensal aproximado de R$ 50 mil.
Segundo o presidente da Associação Mata Ciliar, Jorge Belix de Campos, a situação se tornou insustentável, pois os custos triplicaram nos últimos meses, principalmente os de medicamentos e alimentação. A entidade tem sede em Jundiaí e está em Araçatuba desde 2018, para atender à demanda de animais silvestres que necessitam de tratamento veterinário e reabilitação.
“A gente sempre bancou tudo, desde que viemos para cá. Tiramos recursos de outros projetos para manter essa estrutura e, ao longo de quatro anos, temos feito reuniões, conversado com prefeituras e empresas, mas nada de concreto aconteceu, ninguém se interessou em fazer parcerias para nos ajudar com a manutenção”, afirmou o presidente da entidade, que possui 30 anos de experiência na recepção e cuidados desses animais.
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Os outros custos do Cras Araçatuba são com os salários dos tratadores e técnicos veterinários e os referentes aos cuidados para a manutenção dos animais, como medicamentos e alimentação, viagens para o resgate e soltura dos animais, assim como nos casos em que há necessidade de transferência para Jundiaí, sede da associação.
“É uma dificuldade grande, porque é um trabalho extremamente complexo. Envolve pessoas, estrutura e uma série de apoios necessários no dia a dia no trato de animais”, explica Campos.
Apesar da suspensão do recebimento de animais, a partir de ontem (1º), a entidade vai manter o atendimento aos que ainda estão internados. A intenção, no entanto, é transferi-los para a sede, em Jundiaí, e desativar a unidade em Araçatuba.
“Nós viemos para cá, porque éramos chamados para salvar um ou outro animal e rodávamos 500 km, de Jundiaí até aqui, para isso. Quanto mais cedo um animal é socorrido, mais rápida é sua recuperação e mais fácil de devolvê-lo à natureza, mas, infelizmente, não dá mais para continuar do jeito que está”, observou Campos.
1.955 animais recebidos em 4 anos
A Associação Mata Ciliar firmou uma parceria com a Unesp em 2018, com a intenção de gerenciar o Cras, uma espécie de hospital de animais silvestres. Em quatro anos, a entidade recebeu 1.955 animais de variadas espécies, de onça-pintada a lobo-guará, passando por tamanduá, aves diversas e répteis, vindos de 28 municípios da região, por meio da Polícia Militar Ambiental, Corpo de Bombeiros e da Via Rondon.
A maioria dos animais é vítima de atropelamento por colheitadeiras nas lavouras de cana-de-açúcar ou por veículos nas rodovias que circundam o Oeste Paulista. Outros são vítimas de queimadas ou desmatamentos.
Do total de animais atendidos no centro mantido pela Associação Mata Ciliar em Araçatuba, cerca de 40% são reabilitados e reinseridos na natureza, segundo o presidente da entidade, Jorge Belix de Campos. “A gente gostaria que fosse maior, mas pelas condições que os animais chegam, não tem sido possível melhorar esta porcentagem”. observou.
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No primeiro semestre de 2022, o Cras recebeu 359 animais ante os 214 no mesmo período de 2021, um aumento de 68%. Somente em agosto, o Centro de Reabilitação recebeu 12 felinos, a maioria filhotes atropelados por colheitadeiras de cana ou nas rodovias e que precisam de cuidados intensivos.
A médica veterinária e coordenadora de Fauna da Associação Mata Ciliar, Cristina Harumi Adania, explica que os animais silvestres têm uma importância fundamental para a manutenção do meio ambiente. “Eles exercem uma função ecológica. Sem eles, não tem quem disperse sementes, faça a polinização e alimente o ciclo da vida”, afirmou.
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