O Tribunal do Juri de Araçatuba condenou o empresário Isac Alexandre Gaspar Pinto a 14 anos de prisão em regime fechado. Ele foi julgado por ter tentado matar o casal de comerciantes Eliane Silingardi Negrelli e o marido dela, Edélcio Negreli, atropelados, no dia 24 de agosto de 2018, em Buritama. Ele está preso desde o dia 12 de dezembro de 2019, quando foi capturado após ficar mais de um ano foragido.
A defesa trabalhou com tese para desqualificar o crime de tentativa de homicídio, afastar as qualificadoras e pedir absolvição do réu. O Ministério Público pediu a condenação por duas tentativas de homicídio qualificado, com afastamento da qualificadora que dificultou a defesa da vítima e emprego de meio cruel em relação à vítima Edélcio.
O julgamento começou às 9h e terminou por volta de 19h30. Os jurados acataram todas as teses do Ministério Público. O promotor Adelmo Pinho disse que não vai recorrer da sentença. O réu não terá direito de recorrer em liberdade.
O crime
Conforme consta do processo, no dia 24 de agosto de 2018, por volta de 23h56min, no estabelecimento comercial denominado “Negrelli’s Beer”, localizado na Vicinal José Teixeira de Almeida, Bairro Jardim Buriti, em Buritama, Isac Pinto, vulgo “Bebê”, tentou matar o casal atropelado, usando uma caminhonete Ford F-250.
Para o MP, o autor agiu mediante recurso que dificultou a defesa das vítimas, por motivo fútil, utilizando-se de meio cruel e de meio que pudesse resultar em perigo comum, para tentar matar o casal de comerciantes, só não conseguindo por motivos alheios à vontade dele.
Durante a investigação foi apurado que na data dos fatos, Isac sua companheira foram até o estabelecimento “Negrelli’s Beer”, pertencente às vítimas, com a camionete Ford F-250, onde passaram a ingerir bebidas alcoólicas.
Em determinado momento, a mulher dele se desentendeu com com outra mulher que estava na mesa ao lado, e entraram em vias de fato. Em seguida Isac passou a discutir com sua companheira e populares apaziguaram os ânimos. O casal de comerciante fechou a porta do estabelecimento tentando evitar mais confusão, afim de impedir a entrada do casal.
Isac tentou entrar no bar e foi impedido. Ele ficou furioso, pegou uma pedra e alertou que iria entrar com sua caminhonete. Enquanto o empresário buscava a caminhonete, alguns clientes, amedrontados, pediram para que fossem abertas as portas do local para saírem, enquanto outros se abrigaram no depósito que fica nos fundos do bar.
Isac parou a camionete na frente do bar, saiu do veículo e arremessou uma pedra contra a porta de vidro do estabelecimento, que não quebrou. Em seguida, entrou novamente no automóvel e o posicionou na frente do bar. De dentro do veículo, pediu para uma testemunha tirar uma bicicleta que estava na frente.
Ele acelerou sua camionete contra as portas de vidro do estabelecimento, quebrando-as. Depois engatou a marcha ré do veículo, com o intuito de pegar distância e maior velocidade, para repetir o ato. As vítimas, Eliane e Edélcio, ela com um pedaço de pau e ele com a pedra arremessada pelo réu, saíram do estabelecimento para tentar fazer com que o Isac parasse com seus atos, a fim de que mal maior não acontecesse com os clientes que estavam no local e também com o imóvel e móveis do estabelecimento .
Diante do comportamento das vítimas de quererem proteger sua empresa, o imóvel e as pessoas que estavam no interior do estabelecimento, posicionando-se a frente do imóvel e tentando fazer com que o acusado cessasse sua atitude, ele acelerou violentamente o veículo contra as vítimas com intenção de matá-las.
Prensada
O empresário conseguiu prensar Eliane com a camioneta contra a parede do imóvel. Ela passou meses internada e ficou com sequelas. Ao direcionar a caminhonete contra as vítimas e invadir o estabelecimento violentamente, o acusado também utilizou-se de meio que resultou em perigo comum, tendo em vista que o estabelecimento estava lotado de pessoas no momento dos fatos, as quais poderiam ser atingidas pelo veículo ou por estilhaços e ficar severamente feridas.
O MP ainda entendeu que ao utilizar veículo pesado e acelerando de modo violento contra as vítimas, o acusado usou de recurso que dificultou a defesa dos ofendidos, tanto que apenas Sérgio conseguiu sair da frente da camioneta, enquanto Eliane foi atingida e prensada contra a parede.
Preso
Após o crime o empresário ficou foragido e depois de um ano após ter sua prisão preventiva decretada, foi capturado pela Polícia Civil de Rio Verde (GO).