A expressão grega “conhece a ti mesmo”, dita em português na forma “conhece-te a ti mesmo”, foi inscrita no Templo de Apolo, na Grécia antiga. Ela é atribuída a Sócrates (399, a.C), considerado o maior filósofo do ocidente e autor da também frase: “só sei que nada sei”. Se quisermos compreender a nossa existência e aprender a conviver com as pessoas, precisamos, antes, saber quem somos. Se ignoro quem sou, como posso viver em plenitude?
Formamos conceito a nosso respeito pelas experiências vividas e pela opinião que emitem sobre nós. Conhecer-se, porém, não é simples assim. Autoconhecimento é um termo usado na psicologia, para que indivíduo conheça a si, objetivando o seu desenvolvimento e descobrir habilidades,
qualidades, desejos, limitações e ambições.
O conhecimento se diferencia do autoconhecimento, porque naquele se busca o domínio nas múltiplas áreas, através de estudo e da vivência, enquanto este (autoconhecimento) é uma reflexão mais profunda do indivíduo, num plano interno relacionado à mente. O controle das emoções – inteligência emocional – pode também ser atingido pelo autoconhecimento, consistindo na capacidade de o ser humano lidar com os sentimentos.
A psicoterapia é um procedimento que ajuda no acesso ao nosso interior, para a compreensão de limites e conflitos, como se fosse uma “viagem dentro de si mesmo”. Para a filosofia, autoconhecimento diz respeito à consciência, crenças, pensamentos e valores do indivíduo. Nessa busca pelo autoconhecimento, a prática da meditação é adotada principalmente por budistas e hinduístas, para a “ligação” entre o exterior e o interior (mente) do indivíduo.
A meditação, porém, não se confunde com a oração ou com a prece, pois nestas se busca um “caminho” entre o ser humano e o divino, não
necessariamente com o “eu” interior. Em princípio, todavia, não há conflito entre religiões e doutrinas com o autoconhecimento, podendo este servir de elo com o metafísico.
Na Bíblia, livro sagrado do Cristianismo, em Provérbios 3.13, existe referência sobre o homem e a sabedoria: “bem-aventurado o homem que achou a
sabedoria, e que está rico de prudência”. Percebe-se, assim, que autoconhecimento não é bobagem e nem “coisa de maluco”. Conhecer-se e adotar práticas ou procedimentos destinados a isso – como a meditação ou a psicoterapia – pode trazer benefícios ao indivíduo, como paz interior, superação de traumas e segurança para a vida.
Enfim, sobre o tema, pertinente o pensamento de Lao Tsé (filósofo Chinês – fundador do Taoísmo – 571 a.C): “quem conhece os outros é sábio; quem conhece a si mesmo é iluminado”.
*Adelmo Pinho é promotor de justiça em Araçatuba e articulista do RP10