Parecia mais uma manifestação da polícia rodoviária estadual do que propriamente uma motociata pró-Bolsonaro. O evento realizado nesta quinta-feira (7) organizado por aliados do presidente da República, sem a presença do mesmo, reuniu por volta de 100 motociclistas e foi acompanhado por forte esquema policial, inclusive pelo helicóptero Águia, que sobrevoou todo o trajeto, em Dracena, Andradina e Pereira Barreto.
A informação é do jornalista Toninho do Carmo, do Noroeste Rural, que acompanhou parte do evento. “Em Andradina, foram dois minutos de vídeo para passar a motociata, sem o Bolsonaro”, escreveu ele. “Mas o que tinha mesmo era viatura e policiais da PM Rodoviária. Nunca vi tanto”, completou.
A motociata rendeu polêmica antes mesmo de sua realização. Enquanto os organizadores sustentavam a participação de Bolsonaro, o prefeito de Dracena, André Lemos (Patriota) usou as redes sociais para desmentir a presença do chefe da Nação na cidade e acusou a organização do evento de golpe.
Enquanto isso, o irmão de Bolsonaro, Renato Bolsonaro, gravou um vídeo no qual reiterava que o presidente não estaria na região e que em nenhum momento confirmou sua presença na motociata, que estaria sendo organizada pelo grupo Acelera para Cristo.
Apesar disso, os organizadores sustentavam, ainda hoje, que Bolsonaro chegaria a qualquer momento, ignorando a agenda presidencial para este 7 de julho, onde constam apenas compromissos no Palácio do Planalto, em Brasília.
A motociata, com menos participantes do que o esperado, saiu do aeroporto de Dracena em direção a Andradina e depois a Pereira Barreto.
Nesta cidade, o prefeito João de Altayr Domingues (PL) proibiu o encontro de motociclistas na praia municipal Pôr do Sol, porque “não houve a apresentação dos documentos necessários”. Na praia, estava previsto um encontro com condutores de jet-sky.
Taxa para almoçar com o presidente
Outra polêmica envolvendo a motociata se deu em Araçatuba. O vereador Lucas Zanatta (PL) desembolsou R$ 275,00 para participar do evento com Bolsonaro, incluindo a motociata e um almoço. Sem a presença do presidente, ele vai pedir o ressarcimento do valor.
Um idoso de 65 anos, também de Araçatuba, chegou a registrar um boletim de ocorrência na Polícia Civil alegando ter sido vítima de um golpe, por ter pago R$ 300,00 a um dos organizadores, que depois não mais atendeu às suas ligações. Segundo ele, o interlocutor seria um homem identificado como Pastor Jordão.
Outro lado
A reportagem conseguiu contato com Jordão, que disse desconhecer o fato. “Preciso tomar ciência disso”, afirmou, esquivando-se. Ele disse, ainda, que, não havia cobrança para a participação no evento, contradizendo a divulgação de um outdoor instalado na entrada de Pereira Barreto. A publicidade apontava que a inscrição na motociata custava R$ 25,00 e o almoço com Bolsonaro, R$ 240,00.
Sobre Zanatta, o pastor disse que ele usaria o evento para conquistar votos e que não deveria criticar os organizadores que, segundo ele, comungam os mesmos ideiais e têm como objetivo defender os valores conservadores e cristãos.